Cerca de 120 pessoas se reuniram na manhã desta quarta-feira (4) em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, em Curitiba, para uma manifestação contra as ações de despejo promovidas pelas obras da Copa do Mundo. O ato foi realizado também em diversas cidades do Brasil pelo grupo Resistência Urbana, frente nacional de movimentos populares.

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Em Curitiba, a manifestação começou por volta das 9 horas, com rojões e palavras de ordem. Segundo o Movimento Popular por Moradia (MPM) - grupo que articulou o ato no Paraná -, estiveram presentes representantes e moradores de regiões consideradas problemáticas no que diz respeito a moradia na capital e na Região Metropolitana.

"A pauta nacional foi um ato pelas desapropriações causadas pela Copa, mas regionalmente nós consideramos um motivo para debatermos a questão da moradia de forma geral", disse o coordenador do MPM no estado e representante do Paraná na Frente Nacional de Resistência Urbana, Chrysantho Figueiredo.

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Após algum tempo de manifestação, o grupo foi recebido pelo secretário de Relações com a Comunidade, Wilson Quinteiro. "Protocolamos com a secretaria um documento que sintetiza os problemas de cada área representada, reivindicando clareza nos despejos que serão realizados com o mundial e no orçamento destinado à moradia no estado", relatou Figueiredo.

Além disso, segundo o coordenador do MPM, o documento pede a criação, para Curitiba e RMC, de um instrumento de política habitacional, o "bolsa aluguel", e também de um grupo de trabalho que reúna, periodicamente, lideranças e autoridades para debater os problemas de moradia. "O secretário foi receptivo, mas nenhuma decisão foi ainda tomada. Marcamos de conversar novamente na próxima semana e o que a gente espera é que essa reunião de fato aconteça. O problema de moradia é algo crônico em todo o país", completou Figueiredo.

Em nota divulgada pela Secretaria nesta quarta, o secretário afirmou que o ideal para as reinvindicações é a formação de um grupo de trabalho composto por representantes dos governos estadual e municipal, das comunidades e das organizações de movimentos sociais, para permitir a discussão com outras secretarias e órgãos.

Prioridades

O Movimento Popular por Moradia (MPM) cita dois problemas principais a serem debatidos em Curitiba e RMC. O primeiro é o da desapropriação dos moradores da Vila Afonso Pena, na região do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Segundo o MPM, não há informações de quantas famílias terão que deixar o local e de qual região específica para as obras do aeroporto.

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Outra região com problemas é a do Guarituba, em Piraquara. Em 2009, o governo federal anunciou um pacote de verbas para beneficiar famílias de áreas de risco do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e do PAC da Habitação. Foram cerca de R$ 15 milhões destinados à habitação de várias regiões, incluindo o Guarituba. A promessa era de que a região teria mais de 8,8 mil famílias beneficiadas, das quais 803 seriam relocadas de áreas de risco, como margens de rios. As famílias restantes receberiam a posse de seus terrenos.

Em março de 2010, um levantamento mostrou que o projeto do PAC para a região teria atraído mais de mil novos moradores que buscavam ter ser próprio terreno. Mas esses novos moradores não tinham feito um cadastro, em 2007, que definia quais famílias seriam beneficiadas pela regularização.

No mesmo ano, no mês de setembro, outro levantamento apontou que as obras do PAC não estavam sendo entregues como prometido. Na época, o Paraná entregou apenas 11% dos projetos de habitação.

No final de março deste ano, a Cohapar afirmou, em nota, que 212 casas do PAC serão entregues no final deste mês. Na época, o engenheiro chefe informou que os lotes 1 e 2 do projeto estavam com as obras 90% concluídas, e que os lotes 3 e 4 tinham 70% das obras finalizadas.