Papel picado, fumaça colorida, fogos de artifício, bandeiras, bandeirões, adereços com jornal e faixas penduradas. A partir dos anos 40, os estádios brasileiros foram se acostumando com o colorido das torcidas. Viraram tradição também o samba e as marchinhas como trilha sonora. Importada do carnaval, a música vinha das baterias das organizadas ou no embalo das charangas, grupos reforçados por instrumentos de sopro.
Cenário de carnaval que faz parte do passado. Em boa parte dos estádios, restaram apenas as faixas. A festa nas arquibancadas foi consumida com a caça às organizadas, justificada pela violência disseminada por elas. Perseguição fortificada na segunda metade dos anos 90.
"As organizadas já tinham saído das páginas esportivas para as policiais, mas o marco foi 1995, com a barbárie no Pacaembu. Com a sociedade chocada, as autoridades passaram a acuar as torcidas", diz Mauricio Murad, sociólogo autor do livro Para entender a violência no futebol.
Há 20 anos, torcedores de São Paulo e Palmeiras se enfrentaram no gramado, armados de paus e pedras, antes de uma partida de futebol júnior. A batalha deixou 101 pessoas feridas e vitimou Márcio Gasparin da Silva, de 16 anos.
No mesmo ano, a Mancha Verde, do Palmeiras, e a Independente, do São Paulo, foram extintas ressurgiram mais tarde, curiosamente, como escolas de samba para seguir na ativa. Ao longo do tempo, as proibições que miraram a redução da violência acertaram outro alvo: a festa nas arquibancadas.
"O que fizeram foi matar o boi para acabar com o carrapato. Somente 5 a 7% dos integrantes de organizadas se envolvem com a violência. Foi um grande equívoco, pois seria possível preservar a festa", comenta Murad.
A modernização dos estádios para a Copa sufocou também as torcidas. O cimento das arquibancadas ganhou cadeiras e detonou um processo de elitização.
"Antes, o Maracanã já havia exterminado a geral. As novas arenas pressupõem outro tipo de comportamento do torcedor. Há a compreensão que o futebol é um espetáculo como o teatro, o ingresso é majorado e o torcedor um consumidor. Não há mais o caráter lúdico, festivo", aponta Túlio Velho Barreto, sociólogo e pesquisador de futebol, contrário também à ideia de clássicos de torcida única. "É mais uma tentativa inócua. As autoridades de segurança pública, e os clubes, não conseguem combater o problema central da violência e procuram alternativas simplórias."
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