Já estava escrito. Seria apenas uma questão de tempo. Desde que deixou o Palmeiras Luiz Felipe Scolari já tinha retorno certo à seleção brasileira. Mesmo que ainda não soubesse, mas a cúpula da CBF aguardava somente pelo momento certo, o clima de insatisfação que gerisse o anúncio de mudança.
O que deu errado para os cartolas foi o fato de o técnico Mano Menezes ter acertado a mão e finalmente arranjado um padrão de jogo para o time, a partir do encaixe de Kaká e da melhor distribuição das responsabilidades em campo. Mas ainda podia perder a decisão para a Argentina. Ganhou. Porém, ainda assim, caiu.
Scolari assume como um símbolo do rompimento definitivo entre as gestões Teixeira e Marín. Agora a CBF é outra história, troca o sotaque carioca pelo paulista e vive um déjàvu da passagem anterior do treinador pelo comando da seleção. Também naquela ocasião, pouco mais de ano e meio antes da Copa do Mundo, com um treinador (Emerson Leão) que não conseguia extrair tudo dos jogadores e com o time ameaçado de não se classificar para o Mundial estava em quarto nas eliminatórias.
Felipão vem, mais uma vez, como a solução pronta para cura em curto prazo. Com o know-how de já ter resolvido e ter sido campeão mundial. E aí, para não fugir da regra, com mais três anos desperdiçados, mantendo a tradição de se queimar sempre o técnico que se propõe a um trabalho de base após o término de cada Copa do Mundo.
Pode dar certo, é um técnico agregador, que sabe trabalhar em seleções (onde pode escolher todos os jogadores que desejar) e já não mais funciona em clubes, com o grupo limitado que lhe é oferecido. E aí o pessoal aqui da redação me perguntou sobre o Parreira. Palavra que não soube responder. Que papel teria um "coordenador de futebol" agregado ao trabalho de um técnico reconhecidamente centralizador? Antônio Lopes ocupou essa função (era a mesma?) em 2002 e ninguém se lembra de tê-lo visto em ação a ponto de hoje sua presença estar apagada na memória de todos nós.
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Enquanto isso, por aqui, o Atlético anunciou a renovação de contrato com o técnico Ricardo Drubscky. Não seria de se esperar diferente. O treinador teve humildade para superar desconfianças (de todos nós) e conseguiu unir o grupo em torno dele e do trabalho proposto, reconduzindo o clube à Primeira Divisão nacional.
Agora terá a chance de comandar um trabalho sem atropelos, a partir de uma pré-temporada, com testes na equipe principal somente a partir de algumas rodadas disputadas no Estadual. Quer dizer: isso na teoria, pois o exemplo de temporadas passadas mostra que dois ou mais fracassos seguidos desmoronaram todas as propostas semelhantes dantes vividas.
Mas, seja como for, com Drubscky o Atlético segue navegando em águas serenas.