Um dos destaques da extravagante conquista do Fluminense no Brasileiro, o técnico Abel Braga também já provocou comoção no Paraná. Nos final dos anos 90, o ex-zagueiro libertou Atlético e Coritiba de longos jejuns de títulos estaduais. Em 98, o Furacão saiu de uma fila de oito anos. No ano seguinte, foi a vez do Coxa gritar "é campeão" após dez anos na seca. Em 2000, o carioca ainda comandou o Paraná, desta vez, sem caneco.
Mas não foram apenas fatos positivos que marcaram as passagens do bom técnico e exímio tomador de malte escocês pelos pinheirais. Na temporada no Couto Pereira, o grandalhão foi personagem central de uma crise terrível, resumida num desabafo da torcida alviverde: "Fica Abel, fora Jacob Mehl".
Jacob Mehl, para os coritibanos da jovem guarda, foi um ex-presidente do clube. E pra galera preferir o técnico ao comandante máximo da instituição... dá pra sacar a bronca em que o Coxa estava metido.
O jogo em questão foi um 3 a 0 aplicado pelo Guarani em 19/9/1999 (muito nove para uma data só, de repente foi isso), pelo Nacional. Os gols foram anotados por Rubens Cardoso, Renato e Luiz Fernando. O primeiro, de penaltE (o pênalti no curitibanês). O segundo, um chulápe (alguém ainda lembra do Fernando Vanucci?). E o terceiro, consumado após uma arrancada de trás da meia-cancha.
Foi demais pra torcida, que já andava fula da vida com a sequência de quatro empates e quatro derrotas na competição, apesar de o escrete ser praticamente o mesmo que arrebanhou o Estadual, com os atacantes Basílio e Cléber. Não teve jeito, com o chamado "placar elástico", os coxas-brancas não aguentaram a humilhação e inventaram a sentença que se eternizou.
O que acontecia na época
Em dezembro, morre o gênio da música negra Curtis Mayfield (foto). Multi-instrumentista, o americano passeava pelo soul e funk com a desenvoltura de um ponta-direita driblador, daqueles que há tempos não existem mais. De quebra, ainda desempenhou papel importante no movimento negro em seu país.
Também em 1999, a Rede Manchete encerrou suas atividades. Ficaram para história as transmissões do Campeonato Carioca nos dias de semana à tarde, com João Saldanha nos comentários, e jornalístico trepidante Documento Especial.
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