A pressão sobre o presidente da Fifa, Joseph Blatter, cresceu nesta quinta-feira (28) com o aprofundamento do escândalo de corrupção na entidade máxima do futebol mundial, à medida que aumentaram as críticas de importantes políticos ocidentais e grandes patrocinadores fizeram alertas à federação.
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Apesar das declarações da Fifa de que a prisão de sete importantes dirigentes por acusações de corrupção feitas nos Estados Unidos não afeta suas atividades, Blatter não foi visto nesta quinta-feira e não compareceu ao congresso médico da entidade.
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O suíço de 79 anos, que raramente perde um evento relacionado à Fifa e, geralmente, faz uma parada para falar com a imprensa, também foi uma ausência notável na quarta-feira (27), quando não participou de uma reunião de delegados de futebol de países africanos, reunidos em Zurique antes do Congresso da entidade, marcado para sexta-feira (29).
O diretor médico da Fifa, Michel D’Hooghe, da Bélgica, disse às autoridades médicas: “O presidente Blatter pede desculpas por não poder vir hoje por causa das turbulências de que vocês já ouviram falar”.
Mas Blatter participou de uma reunião fechada com representantes das seis confederações continentais da Fifa nesta quinta para “discutir a atual situação”, de acordo com um representante da Fifa.
“The New York Times” cobra destituição de Blatter e reestruturação da Fifa
O jornal americano “The New York Times” decicou seu editorial desta quinta-feira (28) ao escândalo de corrupção da Fifa, afirmando que é prioritária a destituição do cargo do presidente, o suíço Joseph Blatter.
Blatter, segundo o jornal, “não viu razão alguma para deixar de aspirar nesta sexta-feira a um quinto mandato e não mostrou intenção de revisar a escolha de Rússia e Catar”, como sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente.
“Desta vez, não deveria permitir que a Fifa dê a entender que o problema afeta poucos funcionários corruptos. O primeiro passo é a imediata destituição do Sr. Blatter e a reestruturação da Fifa”, aponta o editorial.
O “The New York Times” cobra ainda que as escolhas de Rússia e Catar deveriam ser examinadas novamente, e ainda aproveitou para lembrar das condições em que trabalham os estrangeiros empregados no país asiático, que se prepara para sediar o Mundial de 2022.
A publicação lembra que o “complicado e impenetrável” mundo da Fifa gerou receitas de US$ 5,7 bilhões entre 2011 e 2014, e que mesmo assim, “opera majoritariamente por trás de portas fechadas”.
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Essas “turbulências” incluem uma investida de policiais à paisana no início da manhã de quarta-feira em um dos hotéis mais luxuosos de Zurique, com a prisão de sete das figuras mais poderosas no futebol mundial, incluindo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol José Maria Marin, e sob o risco de extradição para os Estados Unidos por acusações de corrupção.
As autoridades suíças também anunciaram uma investigação criminal sobre a atribuição das próximas duas Copas do Mundo, marcadas para a Rússia em 2018 e o Catar em 2022.
Autoridades dos EUA disseram que nove dirigentes do futebol e cinco executivos de marketing e mídia esportiva estão sendo acusados de corrupção envolvendo mais de 150 milhões de dólares em subornos.
Essas ações provocaram a crise mais grave nos 111 anos de história da Fifa, com confederações agora aparentemente em guerra aberta umas com as outras, apenas um dia antes de Blatter concorrer à reeleição como presidente da Fifa para um quinto mandato, na sexta-feira.
O coro ‘fora, Blatter’ ganhou força com o posicionamento da Transparência Internacional, uma das principais organizações não-governamentais (ONG) no combate à corrupção pelo mundo, pedindo o adiamento da eleição.
Blatter, que nega as acusações de envolvimento em corrupção na Fifa, disse em um comunicado na quarta-feira: “Deixe-me ser claro: tal conduta não tem lugar no futebol e vamos garantir que aqueles que se envolvem nisso fiquem fora do jogo.”
O caso abriu uma fissura no mundo do futebol. A Uefa, a confederação europeia de futebol, pediu o adiamento do Congresso da Fifa e da eleição do presidente, em meio a sugestões de que poderia boicotar o evento, mas a AFC, a confederação asiática, apoiou Blatter e disse que a eleição tem de seguir em frente. A entidade europeia, no entanto, marcará posição contra o suíço.
O secretário britânico de Relações Exteriores, Philip Hammond, disse haver “algo profundamente errado no centro da Fifa”, enquanto o secretário de Esportes, John Whittingdale, declarou que “uma mudança na liderança da Fifa é muito necessária”.
“Esta é mais uma flagrante tentativa de estender a sua competência a outros Estados”, disse Putin, acrescentando que as prisões foram uma “clara tentativa” de evitar a reeleição de Blatter, e que ele tem o apoio da Rússia.
Enquanto isso, os principais patrocinadores da Fifa, incluindo muitos que têm apoiado solidamente a entidade apesar de quase 20 anos de alegações de suborno e corrupção, parecem estar inesperadamente preocupados com o desenrolar dos acontecimentos em Zurique.
Em um comunicado contundente, algo raro para a empresa, a Visa afirmou: “É importante que a Fifa faça mudanças agora, para que o foco permaneça sobre essas mudanças. Se a Fifa não fizer isso, nós informamos que vamos reavaliar nosso patrocínio.”
A empresa alemã de artigos esportivos Adidas assinalou que a Fifa deveria fazer mais para estabelecer padrões de conformidade transparentes. A Anheuser-Busch InBev, cuja marca Budweiser é patrocinadora da Copa do Mundo de 2018, informou que está monitorando de perto os desdobramentos na Fifa.
A Coca-Cola Co, outra patrocinadora da Fifa, disse que as acusações tinham “manchado a missão e os ideais da Copa do Mundo da Fifa e temos repetidamente expressado nossas preocupações sobre essas graves alegações”.
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