Adriano deflagrou formalmente ontem a batalha para construir seu novo império. E o território mais cobiçado é a América. "[A Libertadores] é o único título que não tenho e quero ajudar o Atlético a conquistar", declarou o novo atacante rubro-negro. Devidamente registrado, oficialmente anunciado, a mais estrondosa contratação recente do clube desafiará fracassos recorrentes de reabilitação pessoal e profissional com o reforço de um novo "exército".
Um staff particular encorpado com vários profissionais do clube empenhados no sucesso do Imperador e do Atlético. Alavancado pelo marketing, o "projeto Adriano" vai além da recuperação física e técnica do atleta, que não joga há dois anos. Estrutura ímpar para um resgate efetivo do jogador após frustrações em série desde a derrocada na Inter de Milão, iniciada em 2006 com a morte do pai.
Mas, se na Itália onde reinou, no Flamengo, onde se criou e no popular Corinthians que o abrigou não deu certo, por que daria no Atlético? "Porque ele quer", justificou ontem Tiago Rodrigues, sócio de Cleverson Passos na empresa de marketing esportivo ROI Esportes, responsável pela insólita ideia de trazer Adriano para o Furacão.
É esse propósito do jogador que o clube tentará sustentar com o trabalho emocional conduzido pelos psicólogos Dionísio Banaszewski e Gilberto Gaertner, e pelo vice-presidente rubro-negro e médico Luiz Sallim Emed.
"Acredito que as chances do Adriano no Atlético são infinitamente maiores do que em outro clube. Nem no Rio nem em São Paulo ele contou com uma equipe como essa", definiu o advogado Domingos Moro, que trabalhou ao lado do trio na defesa do goleiro atleticano Rodolfo, flagrado no antidoping por uso de cocaína em 2012.
"O Gilberto na psicologia, o Dionísio na clínica operacional e o Sallim na área médica darão um suporte inédito", aposta Moro. "Como um eterno controlador, o Dionísio chegava a dar medo no Rodolfo, e foi fundamental nessa recuperação que vai continuar para sempre. Não o conhecia e me surpreendi demais", reforçou.
Psicólogo, psicoterapeuta e com 25 anos de experiência em tratamento de dependência química, Dionisio Banaszewski não quis comentar a situação específica dos jogadores do Atlético. Reconheceu, contudo, que o "querer" é sempre um passo importante para a recuperação e defendeu o lado humano dos jogadores, esquecido pela superexposição.
"Acredito que vai dar certo pela vontade que ele está de jogar, pela estrutura do Atlético, que ele adorou. Ele já passou por vários clubes e considera que supera inclusive algumas estruturas na Europa", reforçou Rodrigues. Ele comemora a assinatura do contrato que servirá para formalizar os acordos negociados para ajudar na empreitada de bancar o jogador. Há negociações para patrocínio pessoal com as empresas de material esportivo Under Armour e Warrior (fornecedora do Liverpool).
Com duração de um ano, o vínculo de Adriano prevê um salário fixo em torno de R$ 100 mil e uma série de bônus relacionados a número de jogos, gols marcados, patrocínios e venda de camisas. O nome do imperador deverá estampar o uniforme sobre o número 30, herdado de Paulo Baier.
A definição sai hoje e passa pela falta de opções mais usuais para o atacante. A 9, com a qual o Imperador se consagrou, é de Ederson. A 7, usada na Copa do Mundo de 2006, é de Marcelo. A justificativa é impulsionar a campanha de 30 mil sócios, meta não atingida em 2013 fechou na casa dos 25 mil.
Colaborou: Leonardo Mendes Júnior.