“A quinta comarca de São Paulo” está desafiando seu antigo patrono político, ao menos no futebol. O sucesso da Ferroviária de Araraquara no Paulistão 2016 é apenas mais um capítulo da tentativa do Atlético em fincar bandeira no estado mais rico do Brasil.
Um processo mais amplo e duradouro do que se imagina à primeira vista: São Paulo está na mira de Mario Celso Petraglia desde que assumiu o Furacão, no meio da década de 90. Foram várias as tentativas até que a parceria com a Locomotiva, apelido do time do interior paulista, começasse a dar frutos. E a ideia não deve parar por aí – o Atlético pode atacar em duas frentes por lá no segundo semestre.
A história conta: “Eu cheguei a falar com o [falecido ex-presidente da Federação Paulista Eduardo] Farah, queria fundir os três e jogar o Paulista. A sede seria em Curitiba, no Couto Pereira. É mais perto [de São Paulo] que São José do Rio Preto”, disse Petraglia ainda em 2013, no programa Bola da Vez, da ESPN Brasil. Na época, em 1995, a fusão entre atleticanos, coxas-brancas e paranistas não saiu, mas a ideia ficou na cabeça do cartola, que tem negócios em Araraquara desde 1996, quando enquanto vice-presidente da Inepar adquiriu um terreno industrial na cidade.
Levou tempo para que a ideia se firmasse. Hoje comandada pelo gerente executivo Pedro Martins, funcionário do Atlético dentro da Ferroviária, a parceria faz parte de um pacote de expansão que envolve não só o aproveitamento de atletas. “Aos poucos, o Atlético foi participando do processo de decisões do clube, que tem sua própria direção, mas vê em nós um parceiro. Com o sucesso do projeto da Ferroviária, time sensação do Paulistão 2016, o Atlético tem retorno nas mais diversas áreas”, contou Martins, que é de Araraquara e filho do ex-prefeito da cidade e hoje Ministro da Comunicação Social, Edinho Silva.
Originada em 2008, houve uma interrupção na parceria após a eleição de Marcos Malucelli. Retomada em 2013, não tem tempo determinado e o teor de seus contratos, como quem paga qual salário, não é comentado pelos clubes. Hoje, são 11 jogadores, o técnico Sérgio Vieira , o coordenador Sidcley Menezes e o próprio Martins a serviço do clube paulista, mas com vencimentos ligados ao Furacão.
Da Ferroviária, o Atlético por ora só aproveitou o ex-técnico Milton Mendes . Mas somou muita repercussão em mídia, área considerada fundamental pelo clube em São Paulo. Só para se ter uma ideia da relevância paulista: como cota de tevê a Ferroviária leva R$ 3 milhões, um milhão a mais do que o Furacão fatura no Paranaense.
Ser falado no mercado publicitário mais atuante do Brasil fez com que se procurasse um profissional para vender suas pautas e conteúdos na capital paulista. O último a exercer a função foi Marcelo Damato, ex-colunista do jornal Lance!, que atendeu o Rubro-Negro até o início deste ano. O cargo agora está vazio.
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Guaratinguetá
Em meio a tudo isso, o Atlético ainda colocou no ano passado um time inteiro – e até o Ecoestádio, em parceria com o J. Malucelli – à disposição de outra equipe, o Guaratinguetá, da cidade homônima distante 227 km da capital paulista. O time saiu da lanterna da Série C e escapou da queda de divisão.
“Ele [Petraglia] cedeu jogadores e eu cedi a camisa. Eu precisava de jogadores para não ter o descenso, que certamente sofreríamos”, conta João Telê, dirigente multifacetado do Guará, hoje acumulando o cargo de treinador. Ele confirmou que o Atlético deve voltar a atuar em parceria com o clube no segundo semestre, só não sabe ainda em qual modelo: se na gestão completa do clube, como em 2015, ou apenas com empréstimo de jogadores.
Disputando a terceira divisão paulista (A3), Telê só não conta com isso agora por falta de peças do parceiro: “ [O Atlético] Tem muitos jogadores que não podem jogar no Paranaense, mas não o suficiente para jogar em três frentes [Atlético, Ferroviária e Guaratinguetá]”
A atual equipe do Guaratinguetá, formada em grande maioria por jogadores com 17 a 19 anos, chegou a treinar no CT do Caju na pré-temporada.
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