Articulando uma tentativa de recuperação em Minas Gerais, o candidato do PSDB à Presidência da Republica, Aécio Neves (PSDB), disse que, se vencer a eleição, irá governar em sintonia com Fernando Pimentel, o governador eleito do PT em primeiro turno no domingo (5).
Também desejou "enorme sucesso" ao petista eleito, com quem há seis anos firmou uma aliança eleitoral no Estado --hoje desfeita.Aécio concedeu entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, veiculada nesta terça-feira (7).
Após ser eleito, Pimentel disse que fará campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), e que enfrentará Aécio como cidadão, não como governador de Minas.
Questionado sobre a afirmação do governador eleito, Aécio disse sempre ter mantido "convívio republicano" com Pimentel --quando o petista era prefeito de BH (2004-2008) e ele governador de Minas (2003-2010). Aécio falou até em relação de amizade com o petista.
"Da minha parte, essa será a tônica da nossa relação. Sempre tivemos, inclusive, relação de amizade. Estivemos em campos políticos opostos, mas jamais deixamos de nos respeitar. E se foi essa a decisão majoritária do povo mineiro, cabe a mim respeitá-la e, eleito presidente, fazer o que for possível para que Minas possa avançar cada vez mais", afirmou Aécio.
Pimentel derrotou nas urnas o PSDB de Aécio, que entregará para o petista o poder em Minas após exercê-lo por quase 12 anos. Além disso, Dilma derrotou Aécio no Estado no primeiro turno (43% a 40%), contrariando a expectativa tucana de dar ao senador mineiro uma "votação histórica" no Estado.
"Os mineiros fizeram uma opção em relação ao governo do Estado, cabe a mim respeitar. Política é isso. Você defende o caminho que acha mais adequado, como eu fiz. Houve uma opção pelo candidato Fernando Pimentel. Telefonei hoje [segunda-feira] ao governador eleito e o cumprimentei, desejando a ele enorme sucesso no seu governo. É da democracia", disse.
'ELEIÇÃO NÃO ACABOU'Aécio novamente apelou aos mineiros ao dizer que "a eleição não acabou" e que tem "muita convicção" de que, ao final, irá vencer a disputa contra Dilma também no Estado, segundo maior colégio eleitoral do país (10,5% do total).
Ele disse ainda que sempre se dedicou ao Estado, que tem profundo conhecimento da realidade mineira, sabe o que é preciso fazer para Minas crescer e se desenvolver. "É uma oportunidade única que Minas tem pela frente. Por isso a minha convicção de que na hora final, a partir de uma reflexão mais profunda do eleitor, eu terei a vitória em Minas Gerais, como espero ter em outros Estados brasileiros, como tive em São Paulo", afirmou.
Novamente, Aécio fez o apelo aos mineiros sobre a "oportunidade" que os mineiros têm, depois de 60 anos, de eleger um presidente mineiro pelo voto popular.
Dilma nasceu em Minas, mas o fato de ter feito sua carreira política no Rio Grande do Sul faz com que Aécio inclua nesse seu apelo a citação "alma mineira", expressão que usa para se diferenciar da presidente. Logo após o resultado de domingo, Dilma agradeceu aos mineiros e aos gaúchos pela vitória parcial.
ARTILHARIANesta segunda (6), o governador eleito disse que é contra uma campanha agressiva do PT no segundo turno contra Aécio. Ele também disse ser "tosco" tentar usar o mote "quem conhece Aécio não vota nele".
Questionado se está preparado para eventuais ataques do PT, Aécio disse: "Esse é o modo do PT agir, como agiu com a Marina [Silva, candidata do PSB que ficou em terceiro lugar], como agiu conosco em outras eleições. No que depender de mim, eu farei a campanha das propostas".
Ele, então, fez um convite a Dilma: "Eu convido a presidente Dilma para fazer uma campanha à altura daquilo que o Brasil espera. Vamos discutir os nossos projetos, as nossas visões de mundo, de gestão pública. A nossa visão sobre como superar a baixa qualidade na educação, como melhorar nossos indicadores sociais, como melhorar a questão da segurança pública. Da minha parte, vou fazer uma campanha propositiva".
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