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Escolha rende debate e eleição paralela

A escolha do coxa-branca do século rendeu uma calorosa discussão entre os oito integrantes do Helênicos, grupo de pesquisa da história alviverde. "Eu lancei a pergunta no ar e surgiram quatro correntes", conta o empresário Guilherme Straube.

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O coxa-branca do século nunca fez um gol pelo clube, ofício exercido com precisão por Dirceu Krüger. Nem salvou outros tantos como Aroldo Fedatto, seus principais concorrentes na eleição organizada pela Gazeta do Povo. Evangelino da Costa Neves tinha estatura mediana, era meio arcado e usava óculos com lentes garrafais. Os olhos puxados lhe valeram o apelido de Chinês. Era também dono de uma lábia impressionante, usada para transformar radicalmente o Coritiba Foot Ball Club. E de uma estrela que ninguém ousa contestar. Virou o cara – e a cara – do centenário alviverde.

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"Sabia aglutinar como ninguém. Muitas vezes pagava os jogadores com a saliva", diz o empresário Guilherme Straube, um dos oito integrantes do grupo Helênicos, responsável por pesquisar e resgatar a história do Coritiba.

Evangelino, um santista que arriscou ganhar a vida em Curitiba vendendo títulos de capitalização na década de 40, entrou pela primeira vez no Alto da Glória em 66, convocado por amigos para salvar um clube endividado e sem títulos há seis anos. Virou relações públicas, o homem da comunicação. Assumiria a presidência interinamente no ano seguinte, com a licença de Lincoln Hey. Foi ficando. E a sorte alviverde mudando.

Se antes de Evangelino o Coritiba não passava de um time estritamente local, dono de 17 taças estaduais, depois do Chinês ganhou o mundo. E títulos, muitos títulos. Um dos primeiros atos do cartola foi trazer a seleção da Hungria para um amistoso. O sorteio de um fusca bancou as despesas. Vitória coxa por 1 a 0, gol de Oromar. "O homem que com uma visão moderna tornou o Coritiba um clube de projeção nacional e internacional", define Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo e autor, em parceria com o jornalista Vinícius Coelho, de Campeoníssimo, a biografia de Evangelino.

Montou times memoráveis. Juntou craques do porte de Krüger, Jairo, Cláudio, Nilo, Oberdan, Aladim, Leocádio, Zé Roberto... Tudo com um jeito bem peculiar de negociar – arte que aprendeu na Ristar, transportadora que montou no centro da capital paranaense. "Eu me lembro uma vez que saiu com o seu Opala azul rumo ao interior. Voltou cinco dias depois com o carro cheio. Veio o Coutinho, Antoninho, Carvalho, Kosilek e Servilho", relembra, rindo, o jornalista Aloar Ribeiro, que cobria o Coritiba para a Gazeta do Povo na época.

A primeira passagem do Chinês pelo Alto da Glória terminou em março de 1980. Entregou a Amauri Cruz Santos um Coritiba revigorado. Sob as ordens do Chinês, o Coxa ganhou dez regionais (1968, 69, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 78, 79) e o Torneio do Povo de 73, abrindo as conquistas nacionais do futebol paranaense. "Tudo isso ampliando o estádio ao mesmo tempo. Era um cara extraordinário", ressalta o conselheiro Domingos Moro, candidato derrotado à presidência na eleição de 2007, que se autoproclama o "herdeiro político de Evangelino".

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O cartola voltaria algum tempo depois, para rechear o currículo com mais duas conquistas: o Brasileiro de 85 e o Paranaense de 86. "Conseguiu o maior título do Coritiba e tudo o que disputou. Era o campeoníssimo mesmo", diz Moro.

Mas, já no fim da carreira, a mácula na biografia. Evangelino foi pressionado a encurtar seu terceiro período na presidência por causa das diversas dívidas do clube. Acabou substituído pelo triunvirato Edison Mauad, Sérgio Pros­­dócimo e Joel Malucelli após uma derrota para o Matsubara, no estadual de 1995. O grupo recolocou o time na Pri­­meira Divisão.

Teimoso, ainda se candidatou mais uma vez, em 2001, mas perdeu para o advogado Giovani Gionédis. Já no fim da vida, debilitado por um Acidente Vascular Cerebral, virou objeto político na luta da oposição contra Gionédis. Chorou, sentado em uma cadeira de rodas, o rebaixamento em 2005, enquanto tentava provar que não assinou o documento que garantiu a reeleição do advogado. Evangelino não resistiu ao terceiro AVC, morrendo em 5 de abril de 2008, aos 82 anos. "Uma história campeã", encerra Moro.

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Quem votou

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Aladim, ex-jogador do Coritiba; Alex, ex-jogador do Coritiba; Aloar Ribeiro, jornalista; Aroldo Fedatto, ex-jogador do Coritiba; Borba Filho, ex-técnico do Coritiba; Carlos Alberto Pessoa, jornalista; Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo; Cláudio Marques, ex-jogador do Coritiba; Dionísio Filho, colunista da Gazeta do Povo e comentarista da Rádio Banda B; Edison Mauad, conselheiro e ex-presidente do Coritiba; Editoria de Esportes da Gazeta do Povo; Edu Brasil, repórter da Rádio Banda B; Fernando César, narrador da Rádio Banda B; Francisco Araújo, diretor financeiro do Coritiba; Gérson Dall’Stella, ex-goleiro, campeão paranaense em 1989 e comentarista da Rádio Rock; Gil Rocha, gerente de esportes da RPC TV; Giovani Gionédis, ex-presidente do Coritiba; Gustavo Fruet, deputado federal; Helênicos, grupo de pesquisadores da história do Coritiba; Jair Cirino, presidente do Coritiba; Jairo, ex-goleiro, campeão brasileiro em 1985; João Carlos Vialle, diretor de futebol do Coritiba; Joel Malucelli, ex-presidente do Coritiba; Kako Mazanek, repórter da Rádio Transamérica; Leonardo Mendes Júnior, editor de esportes da Gazeta do Povo; Lorraine Lima, bodyboarder; Lúcio Ernlund, coordenador médico do Coritiba; Luiz Carlos Alborghetti, radialista; Luiz Fernando Correa, o Papagaio, presidente da Torcida Império Alviverde; Luiz Geraldo Mazza, da Rádio CBN e Jornal de Londrina; Luiz José Tavares, coordenador de produção da Gazeta do Povo; Marcos Hauer, vice-presidente do Coritiba; Nelson Souza Filho, diretor de jornalismo da Gazeta do Povo; Paulo Krauss, jornalista, autor de Fedato – Estampilla Rubia; Paulo Mosimann, da Rádio Globo/CBN; Professor Miro, descobridor de talentos do Coritiba; Rafael Cammarota, ex-goleiro, campeão brasileiro em 1985; Raul Plasmann, comentarista da RPC TV; Ricardo Gomyde, integrante do G9 do Coritiba; Sisico, observador do Coritiba; Tico Fontoura, presidente do Conselho Deliberativo do Coritiba; Toby, ex-jogador, campeão brasileiro em 1985; Tonico Xavier, conselheiro e ex-diretor de futebol do Coritiba; Tostão, ex-jogador, campeão paranaense em 1989; Vinícius Coelho, jornalista.

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