Um dos episódios mais marcantes na história dos confrontos entre Coritiba e Operário, que fazem a final do Campeonato Paranaense a partir deste domingo (26), 16 horas, no Germano Krüger, o “caso Agapito” entrou para o folclore do futebol paranaense. O episódio tirou o título coxa-branca da Zona Sul do Estadual de 1961 e deu para o time pontagrossense, que ganhou o direito de disputar a taça do Paranaense propriamente dito – na época, o campeonato era dividido em três zonas: Sul, Norte Velho e Norte Novo. Essa foi a última final disputada pelo Fantasma.
O pivô de todo esse imbróglio foi o jogador paraguaio Agapito Sánchez. Como na época o Paranaense era um torneio amador e o registro dos atletas era feito apenas na Federação Paranaense, o atacante acabou inscrito para o torneio sem que sua documentação fosse analisada. O paraguaio entrou no time alviverde apenas na fase decisiva do campeonato, quando o Coxa enfrentou o Operário para decidir quem representaria a Zona Sul no triangular final da competição.
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“Agapito Sánchez era um atacante paraguaio, que veio ao Paraná em 1961 para jogar pelo Guarapuava Esporte Clube. Acontece que ele era bom de bola e acabou despertando o interesse do Coritiba, que o trouxe para a capital”, conta Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo.
O Operário venceu o primeiro jogo, no Alto da Glória, por 2 a 0, em 26 de novembro. No dia 3 de dezembro, o Fantasma vencia o segundo, em Ponta Grossa, por 1 a 0, até o final da partida, quando o paraguaio empatou e provocou a terceira partida. No terceiro jogo, em 10 de dezembro, na Vila Capanema, o Coxa venceu por 3 a 0 e levou a decisão para um quarto jogo, que serviu de desempate. Na ocasião, em 17 de dezembro, o empate por 1 a 1 deu o título ao Coxa pelo saldo de gols.
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É aí que o problema da documentação de Agapito veio à tona. Então diretor de registros da Federação Paranaense, o Capitão Barcímio Sicupira, após a vitória alviverde, alertou os diretores do Fantasma sobre a possível irregularidade do paraguaio e, a partir daí, o caso cresceu. “O Capitão jogou pelo Ferroviário, tinha uma certa rixa com o Coxa e informou aos diretores do Operário sobre a sua dúvida em relação aos documentos do atacante”, diz Carneiro.
A análise dos papéis que o paraguaio havia usado para se registrar na Federação concluiu que eram documentos falsos, o que iniciou uma batalha judicial que paralisou o Estadual. No Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), o Coritiba foi inocentado, já que no julgamento ficou entendido que o clube não teria responsabilidade sobre a veracidade da documentação do atleta. O Operário recorreu e levou a questão para o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e para a, então, Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
No Rio de Janeiro, sede do Supremo, após longos meses de espera, o Tribunal deu ganho de causa ao Operário, retirou o Coritiba da fase final e colocou o Fantasma no triangular decisivo da competição. Disputada entre agosto e setembro de 1962, a fase decisiva contou ainda com a Esportiva de Jacarezinho e com o Comercial de Cornélio Procópio. O time do Comercial sagrou-se campeão estadual, seu único título, o Operário acabou com o vice-campeonato e a Esportiva terminou na terceira posição.
“Fizeram festa em Ponta Grossa, começou a decisão, só que o time do Operário já tinha sido desmanchado, não tinha mais o time forte e completo que brigou com o Coxa pelo título da Sul, então não teve chances de ganhar o campeonato, que acabou indo para Cornélio Procópio”, finaliza Carneiro.
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