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| Foto: STEFFEN SCHMIDT/EFE

Quem comanda a operação?

As prisões foram efetuadas pela polícia suíça, em ação conjunta com o FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, onde ocorrem as investigações.

Quais as acusações contra os presos e indiciados?

A Justiça americana acusa nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol de fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva. O esquema de corrupção se desenrolaria desde os anos 90. A Justiça americana indicou que parte das propinas se referiam à organização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, Copa Libertadores da América e Copa América.

Por que os Estados Unidos decidiram abrir investigação?

A legislação norte-americana permite a investigação de estrangeiros que vivem no exterior desde os crimes tenham algum tipo de ligação com o país. É o expediente usado para promotores dos Estados Unidos em casos de terrorismo internacional. No caso dos dirigentes de futebol, as operações irregulares teriam ocorrido em bancos norte-americanos. Além disso, foi um advogado norte-americano, Michael Garcia, quem conduziu o painel independente da Fifa que investigou compra de votos para as Copas de 2018 e 2022 - os norte-americanos perderam para o Catar o Mundial de 2022. Apesar de o relatório indicar várias irregularidades, a Fifa concluiu que não houve compra de votos. Garcia foi advogado do distrito de Nova York, onde sucedeu o atual diretor do FBI, James Comey. Os Estados Unidos também serão sede da edição de 2016 da Copa América.

Como ocorreram as prisões?

Segundo o New York Times, policiais suíços à paisana pegaram as chaves dos quartos dos acusados na recepção do Hotel Baur au Lac, um luxuoso cinco estrelas de Zurique, e subiram para buscar um por um. Nenhum deles ofereceu resistência na condução até os carros sem identificação em que foram conduzidos à delegacia. Testemunhas das prisões informaram que dois policiais carregaram malas e uma pasta com o símbolo da CBF. O ex-presidente da entidade, José Maria Marin, estava pálido e visivelmente nervoso enquanto era conduzido ao carro policial.

Quais os próximos passos do caso?

Os sete presos estão sendo ouvidos pela polícia em Zurique. Agentes do FBI também fazem, nesta quarta-feira (27), uma diligência na sede da Conmebol, em Miami, em busca de documentos. Os acusados podem ser extraditados para os Estados Unidos para responder lá ao processo. Também é possível acordos de “delação premiada”, como o feito pelo empresário J. Hawilla, dono da Traffic. Em dezembro ele declarou-se culpado perante a Justiça americana das acusações de extorsão, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Hawilla devolveu US$ 151 milhões ao governo americano.

Como funciona o processo de extradição?

Há um acordo bilateral entre Suíça e Estados Unidos que trata de extradições de procurados pela Justiça. Em geral, as autoridades federais da Suíça aprovam imediatamente a extradição para os EUA e ordenam a transferência. Caso um dos presos se oponha à extradição, a polícia da Suíça solicita aos americanos que façam um pedido formal de extradição em no máximo 40 dias.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, está entre os indiciados?

Até o momento, não. O porta-voz da entidade, Walter de Gregório, chegou a falar em entrevista coletiva que o presidente da entidade ficou satisfeito com a ação policial, por reforçar o processo de transparência já implementado na entidade.

Houve alguma alteração na eleição da Fifa e nas sedes dos Mundiais de 2018 e 2022?

Por enquanto, não. A eleição está marcada para sexta-feira (29), tendo como candidatos Joseph Blatter, que busca o quinto mandato, e o príncipe da Jordânia Ali Bin Al-Hussein. As Copas de 2018 e 2022 seguem sediadas na Rússia e no Catar, respectivamente.

A suspeita de compra de votos para as Copas de 2018 e 2022 faz parte da investigação americana?

Trata-se de um desdobramento dessa operação. Agentes suíços estiveram na sede da Fifa nesta quarta-feira (27) em busca de documentos referentes à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022. Ou seja, essa documentação ainda pode implicar Blatter e outros dirigentes da Fifa.

As investigações da Justiça americana podem atingir outros cartolas brasileiros?

Sim. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que investiga irregularidades no contrato de uma empresa de material esportivo do país com a CBF (no caso, na Nike). Também foram mencionadas irregularidades no acordo de comercialização dos amistosos da seleção brasileira. Alvo de investigação, os direitos de transmissão da Copa de 2014 foram negociados ainda com Ricardo Teixeira na presidência da CBF. Para defender Marin, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, já disse que os contratos investigados são todos do tempo de Teixeira. Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (27), o Departamento de Justiça também informou que investigará o processo de escolha do Brasil como sede da Copa de 2014.

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