Na noite desta segunda-feira (25), a partir das 18h45, na sede da Kennedy, o Paraná poderá viver uma noite histórica ao acenar para o fim de uma novela que dura mais de dez anos. Na reunião do Conselho Deliberativo, realizada em convocação extraordinária, os conselheiros tricolores deverão discutir o fim da maior dívida do clube: R$ 36 milhões com o empresário Léo Rabello, em negócio envolvendo o jogador Thiago Neves.
ENTENDA O CASO: Veja a cronologia da dívida com Léo Rabello
A diretoria paranista mantém silêncio sobre o assunto, mas aos poucos os termos do acordo são revelados. O valor, por exemplo, é de R$ 4,5 milhões, que serão pagos parcelados.
Mas de onde o clube, que sofre nos últimos anos com problemas financeiros, vai tirar essa quantia? Mais uma vez o empresário Carlos Werner, principal mecenas do clube desde 2013, arcará com R$ 2,6 milhões. É possível, inclusive, que uma garantia patrimonial para o investidor seja discutida na reunião na Kennedy.
A outra parte desse valor – R$ 1,4 milhão – sairá das verbas de televisão que estavam penhoradas exatamente por causa da ação movida na justiça por Léo Rabello. O empresário concordou em desistir de todas as ações contra o clube, o que inclui também a penhora do Ninho da Gralha, que volta a ser do clube. Completa a conta os R$ 500 mil que serão pagos com cota de televisão de 2017.
Caso a negociação seja aprovada pelo Conselho e paga pelo Tricolor, Léo Rabello embolsará um valor próximo de R$ 7,5 milhões, já que cerca de R$ 3 milhões já tinham sido pagos na gestão anterior, do presidente Rubens Bohlen. Isso de uma dívida inicial de R$ 1,36 milhão.
Patrimônio
Na reunião dessa segunda-feira também será discutido a alienação de um patrimônio do clube. É provável, porém, que o uso do patrimônio não tenha necessariamente a ver com Léo Rabello.
Pelo que a reportagem apurou, o Tricolor irá discutir a venda de uma parte do Ninho da Gralha para quitar dívidas trabalhistas. Existe uma possibilidade de, ao invés do Ninho, o negócio ser feito com uma parcela da sede da Kennedy, que teve a venda de 70% do seu terreno autorizada pelo Conselho há cerca de três meses.
Também diferente do que afirmava-se nos bastidores sobre essa reunião, a dívida com o empresário Renê Bernardi, investidor do Ninho da Gralha, não deve ser discutida. Dentro do clube, a expectativa é que, pelo investidor ser paranista, a negociação possa ocorrer com o retorno do centro de treinamento para as mãos do clube. Porém, ainda não aconteceu.
“Eu não falei com ninguém ainda”, garante Bernardi, que cobra na justiça R$ 10 milhões investidos no centro de treinamento. “Enquanto o juiz não determinar o valor final, não posso comentar muito o assunto. Mas se vier uma proposta vou analisar”, garante.
Entenda o caso
O imbróglio começou em 2003, na gestão de Ênio Ribeiro, quando o clube perdeu 50% dos direitos econômicos do atleta por causa de um acordo com a empresa LA Sports, que fornecia comida para as categorias de base em troca da metade de cinco atletas.
Em 2006, o Paraná vendeu 30% para empresa Systema, de Rabello, por cerca de US$ 200 mil. A LA Sports fez o mesmo.
Na sequência, o clube ainda vendeu os seus 20% dos direitos econômicos restantes por R$ 480 mil, ficando assim 32% para a LA Sports e 68% para a Systema.
O jogador estourou no Fluminense em 2007 e chegou a assinar um pré-contrato com o Palmeiras, mas ainda tinha vínculo com o Paraná. Assim, Rabello depositou os R$ 2 milhões da multa rescisória em juízo e o meia ficou no time carioca. Porém, o Tricolor não tinha direito a mais nada.
Em 2008, sob a gestão do ex-presidente Aurival Correia, foi pago para a LA Sports a parcela referente aos 32% deles, o correspondente a R$ 640 mil. O problema é que o R$ 1,36 milhão dos 68% da Systema foi sacado e utilizado para outros fins, o que gerou o processo na Justiça.
O clube tentou na justiça conseguir de volta os 60% dos direitos econômicos e perdeu.
Um acordo foi feito na gestão de Rubens Bohlen, em 2012. A dívida que já estava em R$ 27 milhões foi reduzida para R$ 10 milhões.
Com a venda da sede do Tarumã, cerca de R$ 3 milhões foram pagos, mas as parcelas seguintes não foram honradas e a dívida voltou ao valor total, hoje de R$ 36 milhões.
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