Com o apoio de 53 congressistas, o Senado deu o primeiro passo nesta quinta-feira (28) para instalar a CPI (comissão parlamentar de inquérito) que vai investigar a Fifa e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O pedido para a criação da CPI foi lido no plenário do Senado, o que abre caminho para que ela seja instalada nos próximos dias.
Pelas regras do Senado, os parlamentares que apoiaram a criação da CPI têm até a meia-noite desta quinta (28) para retirarem assinaturas do pedido. Pelo menos 27 têm que manter o apoio para que a comissão seja efetivamente instalada, o que só acontece depois da indicação de seus membros pelos líderes dos partidos. A instalação só ocorre na primeira reunião da CPI, quando são eleitos o presidente, o vice e o relator dos trabalhos.
Como há 26 senadores a mais que o mínimo necessário assinando o pedido, a expectativa no Senado é que não haja recuo na criação da CPI. Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que já vai pedir nesta sexta-feira (29) aos líderes dos partidos que indiquem os membros da comissão de inquérito.
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“Temos até meia-noite para retirarem ou colocarem assinaturas, mas não parece o caso porque a CPI tem mais de 50 assinaturas. Vamos pedir as indicações para que possamos começar imediatamente a investigação”, afirmou Renan.
A CPI foi motivada pela prisão de dirigentes da Fifa, entre eles o vice-presidente da CBF, José Maria Marin. Idealizador da comissão de inquérito, o senador Romário (PSB-RJ) afirma na justificativa do pedido que o Senado precisa apurar as denúncias de corrupção na entidade, reveladas após a prisão dos dirigentes.
O foco da CPI serão os contratos firmados pelas duas entidades. Romário afirma que a operação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que deflagrou a prisão dos dirigentes, trata de um esquema de corrupção que envolve valores superiores a R$ 500 milhões em subornos.
No caso da CBF, o senador diz que são citados acordos de direitos da Copa do Brasil com uma empresa de material esportivo americana, assim como suborno pago por executivos de marketing esportivo para comercialização de direitos de mídia e marketing de partidas da seleção brasileira de futebol.
“Há ainda suspeitas de que o suborno envolva contratos assinados para a realização da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014. Faz-se necessário que esta Casa faça uma apuração concreta sobre todas essas possíveis irregularidades na entidade máxima do futebol brasileiro e no órgão responsável pela copa do Mundo do Brasil, para que essa mancha não contamine o esporte nacional”, afirmou Romário.
Ex-presidente do Cruzeiro, o senador Zezé Perrella (PDT-MG) também apoiou a criação da CPI. O parlamentar ajudou a derrubar a instalação de outra comissão de inquérito para investigar a CBF em 2013. Amigo pessoal de Marin, na época o parlamentar afirmou que não havia “fato relevante” para a realização das investigações.
Agora, Perrella diz que as investigações são necessárias para que o Senado apure a gestão Marin na entidade, e as que ocorreram após a saída do dirigente do comando da CBF.
A CPI terá o prazo de 180 dias para trabalhar, prazo que pode ser prorrogado a depender de pedido dos dirigentes da comissão. A comissão, se instalada, será composta por sete senadores titulares e sete suplentes.