Entenda o caso
O polêmico artigo 9.º do Campeonato Paranaense diz que "na segunda fase, as oito equipes classificadas se enfrentam em turno único, com mando de campo da equipe que teve melhor classificação geral na fase anterior". Isto leva à interpretação de que todos os sete jogos da próxima fase seriam na casa do primeiro colocado, e foi embasado nisso que o Atlético entrou com uma ação, no dia 16 de fevereiro, questionando a tabela da segunda fase, divulgada pela FPF.
Entretanto, a FPF entende de outra forma e divulgou uma tabela da segunda fase em que o primeiro colocado enfrenta o segundo, o quarto e oitavo fora de casa, sem levar em conta critérios técnicos. Pesa contra o Atlético e todos os clubes envolvidos o fato de que o regulamento do Paranaense 2009, em sua íntegra, foi aprovado por unanimidade por todos os 15 clubes participantes, os quais integraram o arbitral realizado em dezembro.
Nasceu morta a proposta elaborada pela Futpar para pôr fim à polêmica em torno do artigo 9.º do Campeonato Paranaense. A entidade que representa 14 dos 15 clubes participantes se reuniu com sete membros na tarde desta quinta-feira, elaborou uma proposta, mas a Federação Paranaense de Futebol (FPF) já adiantou que nenhuma mudança será feita e que cabe ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidir o desfecho do caso. E ele pode desagradar todos os envolvidos.
A proposta elaborada pela Futpar previa a manutenção do critério para que os quatro primeiros colocados na primeira fase mandassem quatro partidas em casa e três fora. Mas a mudança seria levar o critério técnico em conta, ou seja, o primeiro enfrentaria o 2.º, 3.º, 4.º e 5.º em casa, o segundo teria o mando diante do 3.º, 4.º, 5.º e 6.º, e assim sucessivamente. Além disso, independente de posições, o mando dos clássicos entre Atlético Paranaense, Coritiba e Paraná Clube (se classificados) seriam revertidos, levando em conta a fase inicial.
Esta proposição foi referendada pelo presidente do Furacão, Marcos Malucelli, pelo presidente do Paraná, Aurival Correia, além dos mandatários de J. Malucelli (Juarez Malucelli), Iraty (Sérgio Malucelli) e Rio Branco (João Carlos Frumento). Cascavel e Toledo participaram por intermédio de uma procuração e foram representados pelo presidente da Futpar, Joel Malucelli. Mas antes mesmo da proposta chegar à FPF ela já foi rechaçada.
"A FPF não se envolve com a Futpar, é um direito dos clubes se reunirem e formalizarem uma proposta. Me chamaram na última hora, mas eu disse que não iria. De qualquer forma, esta proposta só tem metade dos clubes (representados pela Futpar). O arbitral já foi feito, o campeonato está em andamento e eu entendo que qualquer mudança pediria unanimidade. Da forma com que as coisas estão colocadas tudo continua como está", afirmou o presidente da FPF, Hélio Cury, à Gazeta do Povo Online.
A posição do mandatário da federação é deixar o caso nas mãos do STJD, e cumprir o que for decidido pelo tribunal. "Já nos pronunciamos sobre o assunto e a procuradoria está notificando os clubes. Se todos os clubes entendessem por uma mudança, levaríamos em conta, mas não é o caso", completou. A posição é a parecida com a do Coritiba, único clube dos 15 participantes do Estadual que não faz parte da Futpar.
"Não opinamos sobre esta proposta (da Futpar), e a princípio a última palavra é da FPF. Vamos respeitar a decisão do STJD sobre o caso, e entendemos que qualquer modificação neste momento seria precária", disse o diretor jurídico do Coxa, Gustavo Nadalin. Ele entende também que o STJD é o órgão mais competente para decidir o destino do polêmico artigo e, consequentemente, da tabela da segunda fase.
Caso pode terminar com sete jogos sob o mando do primeiro colocado
Diante deste fato, segundo adiantou o advogado do Atlético no caso Domingos Moro, a situação deve acabar nas mãos dos auditores do STJD. "Acho a proposição da Futpar justa, leva em conta os critérios técnicos para decidir os mandos, que só podem ser sequênciais, senão os melhores colocados serão punidos. Se fosse aceita pela FPF, o Atlético aceitaria retirar a ação no STJD, mas se for negada, tudo segue lá no Rio de Janeiro. O processo está bem instruído e pode resultar em vários resultados", avaliou.
Esta opinião de Moro é corroborada pelo procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt. "(Sem um acordo) se corre um risco maior porque o STJD pode decidir, por exemplo, que a redação atual vale em sua íntegra e o Atlético, caso fique em primeiro nesta fase, poderá sim mandar os sete jogos dentro da Arena. É algo possível. Se criaria uma celeuma no campeonato, por isso uma definição local teria sido melhor", explicou Schmitt. Sobre a posição da procuradoria no caso, o procurador deu mostras de que existem diversos pontos a serem discutidos e levados em conta no julgamento.
"É possível que o julgamento ocorra em caráter extraordinário no próximo dia 19, mas depende do presidente (Rubens) Approbatto. Não posso opinar sobre o processo neste momento, mas a FPF se manifestou e enviou aos autos manifestações de oito ou dez clubes, todas com redações praticamente iguais. Isto nos chamou a atenção e será levado para os auditores, já que nos parece que há uma situação dirigida, uma ingerência da federação. Além disso, a redação do artigo e a tabela divulgada levam em conta o equilíbrio? Creio que não, então é algo que caberá aos auditores decidirem", finalizou.
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