Justiça Militar absolve PM acusado de agressão em clássico de 2005

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O cabo Cristiano Araújo Pedro, da Polícia Militar, foi absolvido no processo criminal por agressão movido pelo Ministério Público do Paraná. Araújo era apontado como responsável pelo tiro de bala de borracha que atingiu o casal Narayana Cardozo, de 17 anos, e o namorado, Jéferson Roberto Padilha, 21, ao final do jogo entre Atlético x Paraná no dia 30 de outubro de 2005.

Segundo decisão da Justiça Militar, não existiam subsídios suficientes para provar que os tiros que atingiram o casal partiram da arma do cabo Araújo. "O MP do Paraná ofereceu denúncia contra o policial, mas ele foi absolvido por falta de provas. Segundo a sentença, como vários policiais estavam com o mesmo tipo de arma naquele dia, não teriam provas concretas de que o tiro foi disparado pelo acusado", explicou o advogado da família, Virgilio Castelo Branco Rocha Neto.

A decisão da Justiça deixou a família de Narayana decepcionada. Sem querer dar entrevistas, o pai da adolescente, Sérgio Cardozo, afirmou que a família ainda não sabe se irá recorrer da decisão.

Danos morais e materiais

O outro processo movido pela família ainda está tramitando na 2.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba. "Agora os autos foram retirados pelo Estado para que eles se manifestem. Em seguida, vai ter uma deliberação do julgador para que sejam apresentadas testemunhas e tomados os depoimentos. Nós queremos que o juiz tenha a oportunidade de, ele mesmo, presenciar os danos terríveis causados à Narayana e o sofrimento que os pais tem experimentado desde o desastroso fato", concluiu o advogado.

Trauma resiste ao tempo

Os últimos meses da vida de Narayana Cardozo não foram nada fáceis. Ela e seu namorado, Jéferson Roberto Padilha, ainda se recuperam dos traumas físicos e psicológicos que o clássico do dia 30 de outubro de 2005 entre Atlético Paranaense e Paraná deixou marcado em seus destinos. Na ocasião, os jovens foram atingidos por balas de borracha durante um confronto entre torcedores paranistas e a Polícia Militar (PM) nas imediações da Arena da Baixada.

O tiro, que teria sido disparado pelo cabo Cristiano Araújo Pedro, atingiu o olho esquerdo de Narayana e a boca de Padilha. Com a gravidade do ferimento, a adolescente teve de passar por duas cirurgias desde então. A primeira aconteceu em novembro de 2005 e foi de emergência, já que as dores no local atingido pelo artefato eram horríveis. No mês seguinte, a jovem passou por nova intervenção cirúrgica, na qual os médicos tentaram fazer com que a adolescente voltasse a enxergar com o olho atingido.