• Carregando...
 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O próximo mês de maio reserva um curioso contraste no cenário das artes marciais mistas (MMA) de Curitiba.

No dia 14, a Arena da Baixada receberá a primeira edição paranaense – e a maior da história do país – do milionário Ultimate Fighting Championship (UFC), principal torneio do esporte no mundo. Os ingressos, que esgotaramem em apenas nove horas de venda, custavam até R$ 5 mil. A lotação será de 45 mil pessoas.

TUDO SOBRE MMA no blog Luta Livre

Modelo faz sucesso no MMA paranaense e sonha em ser ring girl do UFC

Leia a matéria completa

Uma semana antes, sem glamour nem estrelas, a Danceteria Sistema X, no bairro Orleans, será palco do 21.º Gladiator Combat Fight, campeonato que exemplifica a realidade da modalidade na cidade exaltada como “solo sagrado das lutas”. Lá, o bilhete antecipado sai por volta de R$ 25, com capacidade máxima para 1500 espectadores.

Ao contrário do UFC, que investe milhões de dólares em equipamentos e propaganda, além de pagar bolsas de até sete dígitos para atletas de renome, o Gladiador é feito com orçamento apertado. Nas contas do publicitário Josafá Liberal, 46 anos, são necessários de R$ 15 a R$ 26 mil para organizar uma edição, dependendo nível dos lutadores e do local escolhido, que pode ser uma casa de show ou um ginásio de esportes.

Somente a equipe tem trabalho tem cerca de 100 integrantes. “O que fazemos é trabalhar, administrar bem esse orçamento. Temos de pagar desde a ring girl até a bolsa dos atletas e também a estrutura. Nos últimos seis meses deu uma melhorada, um certo lucro, mas nada de morar em Nova York”, brinca o organizador, com sete anos de experiência no ramo do MMA.

“Só a faixa que colocaram na frente da Arena daria para fazer uns três, quatro eventos meus”, compara Liberal.

Em média, um lutador iniciante recebe R$ 500 para entrar no ringue. Nomes com cartel mais encorpado, já conhecidos, levam até R$ 3 mil para competir – no UFC, o salário mínimo de um estrante é US$ 8 mil (cerca de R$ 28 mil) brutos.

Albari Rosa/Gazeta do Povo

O pulo do gato, porém, é a postura do campeonato diante do mercado. Como o lema do Gladiator é descobrir talentos, mais da metade do card é composto por amadores a partir de 15 anos – que lutam com capacete e caneleira. A premiação não passa de um troféu e do registro do combate no Sherdog, a maior base de dados mundial de MMA. “É pouco, muito pouco, mas é o preço a pagar”, diz o peso-pena (até 65 kg) Bruno Roverso, 21, com cinco vitórias em sete lutas profissionais.

“A gente luta a cada três meses, então é preciso de uma atividade paralela. O sonho é estar entre os melhores do mundo. Precisei começar em algum lugar e eles me deram uma chance. Outros não”, ressalta Roverso, também professor da Chute Boxe e autônomo de marketing de rede.

Outra grande diferença entre os eventos regionais de MMA para o UFC está na segurança dos lutadores. Os americanos exigem até nove tipos de exames, além de manter controle antidoping indepentente e idêntico ao das Olimpíadas. A grande maioria dos torneios pequeno porte, contudo, cobra somente atestados básicos, como exame de sangue para hepatite e HIV.

Se ainda pecam nesse quesito, a preocupação dos eventos é grande com produção do show. São raros os torneios sem telão e sistemas de luz e som capazes de oferecer um bom espetáculo ao público. A modelo paranaense Aline Nickel, 20 anos, é uma das principais atrações dos eventos regionais.Dona de olhos azuis e 39 mil seguidores no Instagram, reforça o desejo de figurar no time estelar do UFC: “Nossa, é o que eu mais quero”, diz.

Liberal reforça: “Tentamos imitar tudo que o UFC faz. É a inspiração. Os eventos vêm crescendo, são profissionais. Todos bem arrumadinhos, com público família, sem aquele mito de briga”, avalia.

Responsável pela organização da Copa Strikers House, que chega a 61.ª edição neste sábado (23), a partir das 16 horas, o lutador e treinador de MMA Rafael Waslov, 31, comemora outro benefício da vinda do UFC.

“Vai dar uma alavancada nas academias, na procura pelo esporte. Muita gente que não conhecia vai se interessar”, acredita o dono da academia Strikers House, que faz seus eventos sem patrocinadores.

“Temos amigos que apoiam. Um paga as cadeiras, outro a ring girl, outro dá uma ajuda de custo. Uma ajuda que já é muito grande”, conta Waslov, outro empreendedor do ‘lado B’ do octógono.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]