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Nem mesmo a merecida conquista do Corinthians, no triunfo sobre o Boca, que esteve longe de representar a força técnica do passado, serviu para esconder a distância entre o atual futebol europeu e o sul-americano. Antigamente os nossos times foram fregueses de caderno de argentinos e uruguaios na Libertadores e até mesmo a seleção passou 40 anos sem conquistar um título continental.

Mas os primeiros títulos mundiais e a exaltação dos grandes craques durante o encantado período do tri, com Pelé, Didi, Garrincha, Tostão, Rivelino e outros elevaram o futebol brasileiro a categoria de "o melhor do mundo". Não é mais. E já faz algum tempo que a nossa seleção deixou de assustar os adversários e ficou mal na fotografia depois da divulgação do último ranking da Fifa. O modesto décimo primeiro lugar deve ter chamado a atenção dos poucos dirigentes que se preocupam também com o padrão técnico do futebol e não apenas com os ótimos negócios proporcionados pelo futebol, através de obras, venda de jogadores, venda de produtos relacionados à marca dos clubes e da seleção, contratos com a televisão, patrocinadores e investidores.

Os cartolas que ainda respeitam a paixão do torcedor e levam em consideração os associados de seus clubes, devem ter prestado atenção na riqueza dos jogos e na pompa das solenidades nas finais da Liga dos Campeões e da Eurocopa em comparação com a pobreza e a desorganização no encerramento das decisões da Libertadores e da Copa América.

Aquele palanque improvisado no gramado do Pacaembu foi o retrato fiel, pronto e acabado da mediocridade da entidade que dirige o futebol sul-americano e é presidida, há décadas, por um paraguaio. Legítimo.

Mas resta a esperança na renovação representada pela seleção olímpica convocada por Mano Menezes. Pode se discutir uma ou outra ausência, mas no geral é o que temos de melhor no momento. Até o futebol paranaense se sente representado por Neto e Alex Sandro, revelados pelo Atlético e, por que não, por Leandro Damião e Pato, que nasceram em nosso estado.

Mas há longo caminho a se percorrido pela seleção brasileira, que se encontra muito distante dos europeus, com destaque para a campeoníssima Espanha, que está sendo comparada àquela equipe do Brasil que encantou o mundo há mais de quarenta anos na Copa do México. A imprensa europeia exalta o equilíbrio dos atuais campeões mundiais e o seu poder de derrotar os rivais de forma "suave", diante da força individual dos brasileiros de 1970. Eles esqueceram de mencionar que o domínio espanhol se deve ao desempenho de Xavi e Iniesta, responsáveis pela organização do time. Sem craques não existe time arrebatador. O novo Brasil, com poucos craques, vai tentar se tornar um time na Olimpíada com possibilidades de se fortalecer até a Copa de 2014.

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