Outro lado
Petraglia não comenta coletiva
Mario Celso Petraglia foi procurado pela reportagem para responder às acusações feitas por Marcos Malucelli, ontem à tarde, em entrevista coletiva na Arena. No entanto, o candidato ao Conselho Administrativo do Atlético pela chapa CapGigante resolveu não se pronunciar. Através da assessoria de imprensa, Petraglia afirmou que "não fala com a Gazeta do Povo".
Na segunda-feira, a reportagem também entrou em contato com ele para ouvi-lo sobre as denúncias enviadas pela chapa Paixão pelo Furacão. Os concorrentes no pleito rubro-negro enviaram documentos à redação referentes às vendas do lateral-direito Alberto e do atacante Lucas para o Rentistas-URU, dias antes de os atletas serem revendidos para a Europa. Transferências realizadas no período em que Petraglia comandava as negociações de jogadores na Baixada. Também através de sua assessoria, Petraglia não quis comentar o assunto. (AP e GR)
- Diogo Fadel Braz: reação na base da democracia
- Mário Celso Petraglia: velho conhecido, nova prioridade
- Veja vídeo com a entrevista de Mario Celso Petraglia
- Veja vídeo com a entrevista de Diogo Fadel Braz
- Se vencer pleito, Fadel nomeará Marcus Coelho como coordenador de futebol
- Oposição estuda romper contrato com Morro García se vencer eleição
- Parceria feita por Petraglia teria impedido Atlético de faturar R$ 69,4 milhões
- Petraglia diz que dinheiro da negociação de Alberto e Lucas quitou dívidas
- Ex-presidentes se eximem de culpa na venda de jogadores
Em seu último ato público como presidente do Atlético, e às vésperas das eleições do clube, marcadas para amanhã, Marcos Malucelli realizou ontem um balanço dos três anos de comando na Baixada. Durante 2h49 o dirigente falou, praticamente sozinho, lançando mão de um calhamaço de papéis e documentos. Tempo em que respondeu perguntas e atacou, duramente, Mario Celso Petraglia, candidato ao Conselho Administrativo do Rubro-Negro pela chapa CapGigante. O adversário político, aliás, foi o foco principal da despedida formal ao cargo. Com críticas pesadas ao ex-aliado, Malucelli aproveitou para fazer campanha para Diogo Fadel Braz, da chapa Paixão pelo Furacão. Sempre, claro, disparando contra o adversário. Acompanhe os principais trechos:
Negócios em família
Afirmou que parentes de Petraglia se beneficiaram financeiramente do Atlético quando ele estava na presidência. Não apresentou provas. Mas foi duro. Aproveitou para atacar o filho do rival, que teria ficado com espaço das placas de publicidades da Arena e faturado com a venda das cadeiras no estádio, sem mesmo ter havido consulta a outras empresas. Malucelli ainda envolveu a esposa (ex-psicóloga dos jogadores da base), a filha (explorava a academia da Arena), o genro (trabalhou na construção do estádio) e o primo (arquiteto da Baixada) do desafeto em negócios que seriam onerosos ao clube.
Dossiês
O dirigente apresentou um e-mail interno do clube em que Petraglia pedia o levantamento de informações pessoais a respeito de alguns dirigentes e ex-dirigentes do clube. Nomes como Valmor Zimmermann, Hussein Zraik, Valdo Zanetti, Marcus Coelho, Nelson Fanaya, além dos jornalistas Augusto Mafuz e Carneiro Neto. Curiosamente, Zraik e Fanaya apoiam Petraglia na atual eleição.
Torcida organizada
Ele fez questão de mostrar uma carta enviada por Petraglia para os conselheiros do clube em abril deste ano afirmando que era um "erro apoiar as torcidas organizadas". Hoje, a facção Os Fanáticos apoia a chapa do ex-dirigente. Neste ano, quando o vereador e líder da facção, Julião Sobota, ameaçou jogadores do Atlético, ele foi parar no Conselho de Ética da Câmara Municipal. Petraglia, conforme a versão trazida ontem à tona, queria a cassação do torcedor. Malucelli chegou a ler o seguinte trecho da correspondência: "Não podemos perder essa oportunidade de punir. Vamos varrer essa gente da nossa sociedade. Este ser é maléfico na vida do nosso clube". O fax foi enviado ao vereador Mario Celso Cunha, que é conselheiro do Atlético e apoia a chapa do Petraglia.
Michel Bastos
O presidente lembrou a negociação do lateral com o futebol francês em 2005, que segundo ele "foi muito ruim financeiramente para o Atlético". Quando foi emprestado ao Figueirense, o Furacão tinha 50% dos direitos e poderia exercer a preferência de compra dos outros 50% que pertenciam a um clube holandês (Feyenoord), no valor de 100 mil euros, mas não o fez. O clube catarinense adquiriu então esse restante e faturou 900 mil euros na transferência dele para o Lille.
Bolinha
Em um e-mail em 4 de setembro de 2008, quando o Atlético brigava pelo rebaixamento, Petraglia pediu a pessoas (não identificadas por Malucelli) a demissão do funcionário. "Assim que terminar esse horror da Segunda Divisão, caia ou não caia, temos de nos livrar do Bolinha. É um cancro dentro do clube, é negativo e fofoqueiro", trazia a carta, também exibida pelo presidente em fim de mandato.
Finanças
Malucelli afirmou que o clube tem mais de R$ 18 milhões aplicados no banco Itaú e na Caixa Econômica Federal, dinheiro proveniente das luvas oferecidas pela Rede Globo, no valor de R$ 20 milhões, quando da negociação do novo contrato de televisão para o Brasileiro. "Esse dinheiro não se trata de antecipação de receitas, como disseram", falou, mostrando o contrato com a emissora e um extrato da aplicação.
Alfredo Ibiapina
O presidente contou que ele ajudava o Rubro-Negro desde 2010, assessorando o então diretor de futebol Valmor Zimermann, ao lado de Ademir Adur. Depois, com a saída de Valmor, e sem ter outra opção, o cargo acabou confiado a Ibiapina. "Posso dizer que, apesar do desempenho horroroso no futebol, ele ajudou muito".
Geninho
Revelou não ter se arrependido da demissão do técnico, pois considerava o desempenho do treinador, de mais de 80%, insuficiente para o Paranaense. O desligamento ocorreu logo após a vitória sobre o Paraná. "Não tem como demitir o técnico antes da partida".
Gastos
De acordo com Malucelli, o Atlético fez apenas três compras de jogadores: o goleiro Rodolfo e o meia Jennison, que custaram R$ 160 mil, além de Morro García. Vieram por empréstimo 19 atletas, sem custo, apenas com o pagamento de salários. Outros oito chegaram emprestados, ao custo total de R$ 1,8 milhão. "De retorno, o Róbston [R$ 400 mil, vindo do Atlético-GO] e o Kléberson [R$ 800 mil, do Flamengo] foram os piores."
Morro García
O dirigente gastou mais de 20 minutos explicando a vinda do uruguaio para a Baixada, que acabou contestada pela chapa oposicionista CapGigante, na segunda-feira. Revelou que a intenção era trazer o meia Martinuccio (do Peñarol, que acabou no Fluminense) e que Morro era uma segunda opção. Com o contrato do atleta em mão, disse que ele custará US$ 6,2 milhões e refutou que alguém do clube tenha recebido comissão na transferência. "É um jogador promissor", garantiu.
Indisciplina
Questionado sobre a ocorrência de indisciplina no clube, Malucelli tratou de um episódio em que atletas da equipe levaram cerveja para o CT do Caju na reta final do Brasileiro, sem revelar nomes. "Alguns foram afastados, outros foram embora. Eles são tão ingênuos, as câmeras do CT filmaram tudo."
Futuro
Emocionado, afirmou que pretende continuar acompanhando o Atlético. "É um traço forte meu e vou vir aos jogos com os meus filhos. Cansei, sacrifício muito grande. Pessoas de boa índole não aguentam muito tempo."
Deixe sua opinião