Marcos Malucelli durante entrevista coletiva, ontem à tarde, na Arena: quase três horas de desabafos| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Outro lado

Petraglia não comenta coletiva

Mario Celso Petraglia foi procurado pela reportagem para responder às acusações feitas por Marcos Malucelli, ontem à tarde, em entrevista coletiva na Arena. No entanto, o candidato ao Conselho Administrativo do Atlético pela chapa CapGigante resolveu não se pronunciar. Através da assessoria de imprensa, Petraglia afirmou que "não fala com a Gazeta do Povo".

Na segunda-feira, a reportagem também entrou em contato com ele para ouvi-lo sobre as denúncias enviadas pela chapa Paixão pelo Furacão. Os concorrentes no pleito rubro-negro enviaram documentos à redação referentes às vendas do lateral-direito Alberto e do atacante Lucas para o Rentistas-URU, dias antes de os atletas serem revendidos para a Europa. Transferências realizadas no período em que Petraglia comandava as negociações de jogadores na Baixada. Também através de sua assessoria, Petraglia não quis comentar o assunto. (AP e GR)

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Em seu último ato público como presidente do Atlético, e às vésperas das eleições do clube, marcadas para amanhã, Marcos Malucelli realizou ontem um balanço dos três anos de comando na Baixada. Durante 2h49 o dirigente falou, praticamente sozinho, lançando mão de um calhamaço de papéis e documentos. Tempo em que respondeu perguntas e atacou, duramente, Mario Celso Petraglia, candidato ao Conselho Administrativo do Rubro-Negro pela chapa CapGigante. O adversário político, aliás, foi o foco principal da despedida formal ao cargo. Com críticas pesadas ao ex-aliado, Malucelli aproveitou para fazer campanha para Diogo Fadel Braz, da chapa Paixão pelo Furacão. Sempre, claro, disparando contra o adversário. Acompanhe os principais trechos:

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Negócios em família

Afirmou que parentes de Petraglia se beneficiaram financeiramente do Atlético quando ele estava na presidência. Não apresentou provas. Mas foi duro. Aproveitou para atacar o filho do rival, que teria ficado com espaço das placas de publicidades da Arena e faturado com a venda das cadeiras no estádio, sem mesmo ter havido consulta a outras empresas. Malucelli ainda envolveu a esposa (ex-psicóloga dos jogadores da base), a filha (explorava a academia da Arena), o genro (trabalhou na construção do estádio) e o primo (arquiteto da Baixada) do desafeto em negócios que seriam onerosos ao clube.

Dossiês

O dirigente apresentou um e-mail interno do clube em que Petraglia pedia o levantamento de informações pessoais a respeito de alguns dirigentes e ex-dirigentes do clube. Nomes como Valmor Zimmer­­mann, Hussein Zraik, Valdo Zanet­­ti, Marcus Coelho, Nelson Fanaya, além dos jornalistas Augusto Mafuz e Carneiro Neto. Curiosa­­mente, Zraik e Fanaya apoiam Petraglia na atual eleição.

Torcida organizada

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Ele fez questão de mostrar uma carta enviada por Petraglia para os conselheiros do clube em abril deste ano afirmando que era um "erro apoiar as torcidas organizadas". Hoje, a facção Os Fanáticos apoia a chapa do ex-dirigente. Neste ano, quando o vereador e líder da facção, Julião Sobota, ameaçou jogadores do Atlético, ele foi parar no Conselho de Ética da Câmara Municipal. Petraglia, conforme a versão trazida ontem à tona, queria a cassação do torcedor. Malucelli chegou a ler o seguinte trecho da correspondência: "Não podemos perder essa oportunidade de punir. Vamos varrer essa gente da nossa sociedade. Este ser é maléfico na vida do nosso clube". O fax foi enviado ao vereador Mario Celso Cunha, que é conselheiro do Atlético e apoia a chapa do Petraglia.

Michel Bastos

O presidente lembrou a negociação do lateral com o futebol francês em 2005, que – segundo ele – "foi muito ruim financeiramente para o Atlético". Quando foi emprestado ao Figueirense, o Furacão tinha 50% dos direitos e poderia exercer a preferência de compra dos outros 50% que pertenciam a um clube holandês (Feyenoord), no valor de 100 mil euros, mas não o fez. O clube catarinense adquiriu então esse restante e faturou 900 mil euros na transferência dele para o Lille.

Bolinha

Em um e-mail em 4 de setembro de 2008, quando o Atlético brigava pelo rebaixamento, Petraglia pediu a pessoas (não identificadas por Malucelli) a demissão do funcionário. "Assim que terminar esse horror da Segunda Divisão, caia ou não caia, temos de nos livrar do Bolinha. É um cancro dentro do clube, é negativo e fofoqueiro", tra­­zia a carta, também exibida pelo presidente em fim de mandato.

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Finanças

Malucelli afirmou que o clube tem mais de R$ 18 milhões aplicados no banco Itaú e na Caixa Econô­­mica Federal, dinheiro proveniente das luvas oferecidas pela Rede Globo, no valor de R$ 20 milhões, quando da negociação do novo contrato de televisão para o Brasileiro. "Esse dinheiro não se trata de antecipação de receitas, como disseram", falou, mostrando o contrato com a emissora e um extrato da aplicação.

Alfredo Ibiapina

O presidente contou que ele ajudava o Rubro-Negro desde 2010, assessorando o então diretor de futebol Valmor Zimermann, ao lado de Ademir Adur. Depois, com a saída de Valmor, e sem ter outra opção, o cargo acabou confiado a Ibiapina. "Posso dizer que, apesar do desempenho horroroso no futebol, ele ajudou muito".

Geninho

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Revelou não ter se arrependido da demissão do técnico, pois considerava o desempenho do treinador, de mais de 80%, insuficiente para o Paranaense. O desligamento ocorreu logo após a vitória sobre o Paraná. "Não tem como demitir o técnico antes da partida".

Gastos

De acordo com Malucelli, o Atlético fez apenas três compras de jogadores: o goleiro Rodolfo e o meia Jennison, que custaram R$ 160 mil, além de Morro García. Vieram por empréstimo 19 atletas, sem custo, apenas com o pagamento de salários. Outros oito chegaram emprestados, ao custo total de R$ 1,8 milhão. "De retorno, o Róbston [R$ 400 mil, vindo do Atlé­­­tico-GO] e o Kléberson [R$ 800 mil, do Flamengo] foram os piores."

Morro García

O dirigente gastou mais de 20 minutos explicando a vinda do uruguaio para a Baixada, que acabou contestada pela chapa oposicionista CapGigante, na segunda-feira. Revelou que a intenção era trazer o meia Martinuccio (do Peñarol, que acabou no Flumi­­nense) e que Morro era uma segunda opção. Com o contrato do atleta em mão, disse que ele custará US$ 6,2 milhões e refutou que alguém do clube tenha recebido comissão na transferência. "É um jogador promissor", garantiu.

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Indisciplina

Questionado sobre a ocorrência de indisciplina no clube, Ma­­­lu­­­celli tratou de um episódio em que atletas da equipe levaram cerveja para o CT do Caju na reta final do Bra­­sileiro, sem revelar nomes. "Alguns foram afastados, outros foram embora. Eles são tão ingênuos, as câmeras do CT filmaram tudo."

Futuro

Emocionado, afirmou que pretende continuar acompanhando o Atlético. "É um traço forte meu e vou vir aos jogos com os meus filhos. Cansei, sacrifício muito grande. Pessoas de boa índole não aguentam muito tempo."