"Delação premiada" levou polícia ao cofre da FPF
Uma denúncia ou apenas investigação? A origem da informação que levou os policiais do Nurce aos R$ 92 mil encontrados no cofre da FPF não foi revelada pelo delegado-chefe Sérgio Sirino, mas segundo apuração da Gazeta do Povo Online, uma "delação premiada" teria originado a busca e apreensão do dinheiro.
Procurado para comentar a informação levantada pela reportagem, Sirino não quis falar. "Precisamos proteger a fonte, prefiro não falar sobre o assunto", disse o delegado. Mas o ex-advogado da federação e que atualmente defende dois dos acusados revelou de onde partiu a informação que levou os policiais ao dinheiro.
"O Marco Aurélio (Rodrigues, ex-auxiliar do departamento financeiro da FPF e fiscal eletivo da Confiar) queria prestar contas à nova direção da federação e entregou à polícia todo o conteúdo que estava lá no cofre. Ele só quis colaborar", declarou Vinícius Gasparini.
Ainda segundo ele, o dinheiro seria "legal" e seria destinado ao pagamento dos funcionários no fim do ano. Apesar de não admitir que a revelação tratou-se de deleção premiada, Gasparini confirmou que Rodrigues só revelou a existência do dinheiro caso essa "colaboração" fosse mantida nos autos do inquérito que investiga as irregularidades da gestão Moura.
Depois de encontrar R$ 92 mil reais em um fundo falso no cofre da Federação Paranaense de Futebol (FPF), os policiais do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) passam a investigar outros suspeitos de participação no complexo esquema de desvio de dinheiro arquitetado pelo ex-presidente da entidade, Onaireves Moura, que está preso desde o dia 6 de novembro junto com outros oito acusados de desvios de verbas, estelionato, fraudes e apropriação indébita.
Entre os novos investigados estão outro ex-presidente da FPF, Aluizio Ferreira e a sua diretoria. Todos deixaram a federação na última quarta-feira (21), quando a juíza Denise Antunes, da 9.ª Vara Cívil de Curitiba, deu ganho de causa a Hélio Cury em uma ação impetrada em 2004, pedindo a anulação da chapa encabeçada por Moura, e que tinha Ferreira como um dos vices. Enquanto buscar retomar o cargo, Ferreira irá ser investigado sobre a sua possível participação no esquema.
Apesar de não citar nomes, o delegado-chefe do Nurce, Sérgio Sirino, assegura que todos os aliados de Moura são possíveis participantes do esquema fraudulento. Dentre eles podem estar o ex-superintendente Lourival Barão Marques, o ex-diretor financeiro Josnir Ramos e o antigo diretor de patrimônio da entidade, Hamilton Joslim. O trio entregou os cargos depois da saída de Ferreira da presidência da FPF.
"Termos encontrado esse dinheiro mostra cada vez mais que a atitude policial tem sido correta, e as investigações estão ocorrendo da maneira mais adequada. Acreditávamos que havia dinheiro não contabilizado escondido na federação, e essa quantidade encontrada ainda é insignificante perto do que achamos que foi desviado (o valor giraria em torno de R$ 5 milhões). Acreditamos que há mais dinheiro escondido, seja nas paredes da FPF, seja em empresas, contas e negócios colocados em nomes de terceiros. Essa prática de usar laranjas era comum no esquema de Onaireves Moura", revelou Sirino.
Quanto a Moura e os demais detidos, as investigações estão encerradas e todo o material colhido pelo Nurce já foi encaminhado para a Justiça. Mas a busca por irregularidades prossegue. "Não sabemos ainda se essa diretoria que veio depois do Moura continuou com o esquema, mas vamos apurar. Queremos encontrar e recuperar todo esse dinheiro desviado, para que ele seja aplicado no futebol do estado", concluiu o delegado.
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