Pelé preferiu não aumentar a pressão pela demissão do técnico Dunga após a derrota para a Argentina na semifinal da Olimpíada de Pequim, que privou o Brasil de disputar o ouro olímpico, único título que falta à seleção brasileira.
O tricampeão mundial, que foi apresentado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como embaixador da candidatura do Rio de Janeiro para sediar os Jogos de 2016, nesta quinta-feira, criticou, no entanto, a preparação da equipe, afirmando que a dos argentinos foi melhor.
"Quando se perde sempre se procura um bode expiatório. O Dunga jogou várias partidas contra a Argentina e ganhou todas, se não me engano. Mas isso já esqueceram", disse Pelé a jornalistas na Casa Brasil, montada pelo COB em Pequim.
Como treinador, Dunga venceu a Argentina por 3 x 0 em amistoso na Europa, em 2006, e teve como ponto alto de sua carreira até o momento na seleção a final da Copa América de 2007, também vencida por 3 x 0. Houve ainda um empate sem gols em Belo Horizonte, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, quando Lionel Messi saiu de campo aplaudido pela torcida brasileira.
"A seleção jogou contra uma equipe melhor e perdeu", resumiu Pelé. "A Argentina estava muito bem preparada, pegaram um tripé de jogadores experientes. Enquanto nós não tínhamos certeza nem de quem ia jogar, se o Pato ia entrar ou não".
Pelé também poupou Ronaldinho Gaúcho, capitão da equipe e que buscava uma espécie de redenção na Olimpíada depois da fraca exibição na Copa da Alemanha e do período de ostracismo no Barcelona.
"Ronaldinho Gaúcho é só mais um dos jogadores. Quem perdeu foi a equipe", afirmou Pelé, que não forneceu detalhes do contrato com o COB e disse que vai tentar conciliar a função de embaixador da candidatura do Rio com sua agenda.
Pelé nunca participou de uma Olimpíada. Na época em que atuava, somente jogadores amadores podiam participar do torneio olímpico de futebol e ele já possuía contrato como profissional com o Santos desde os 16 anos de idade.
"Se eu tivesse jogado, teríamos levado o ouro", afirmou.
COPA E OLIMPÍADA
O ex-jogador disse que não vê problema no fato de o Brasil estar buscando sediar as Olimpíadas ao mesmo tempo em que foi definido como seda da Copa do Mundo de 2014.
"Acho que só pode ajudar. Se tivermos uma organização boa da Copa teremos meio caminho andado".
Na verdade, a definição da sede dos Jogos de 2016 ocorrerá muito antes do início dos trabalhos para a Copa do Mundo. O COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciará a vencedora já no ano que vem. O Rio disputa com Chicago, Tóquio e Madri.
Pelé também integra a equipe que promove a Copa do Mundo de 2014, mas ainda não sabe que função vai desempenhar.
"O Ricardo Teixeira ainda não definiu a equipe. Minha posição não está definida, no momento sou apenas um voluntário", disse, citando o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O ex-jogador embarcou de forma tardia na campanha do Brasil pela Copa do Mundo, depois de longa negociação com a CBF.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, disse que México, EUA e Alemanha sediaram os dois eventos com intervalos mínimos e não houve problema. Ele afirma que os projetos podem até se complementar, com economias orçamentárias já que algumas obras teriam que ser feitas para os dois eventos.
Pelé admitiu, no entanto, que o Brasil tem mais dificuldade para conseguir sediar os Jogos, pelo fato do evento nunca ter vindo para o continente sul-americano. Mas ele afirmou que já conseguiu colaborar para algumas proezas em termos de sedes de grandes eventos.
"Ajudei a levar a Copa do Mundo para os EUA e depois para o Japão, lugares que ninguém esperava que pudessem acontecer".
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