A goleira de handebol do Brasil, Chana Masson, é uma das principais estrelas da modalidade nos Jogos de Pequim, mas poucos brasileiros a conhecem fora da região de sua cidade natal, Capinzal, em Santa Catarina, onde montou uma escolinha.
Considerada por jogadores e técnicos uma das dez melhores goleiras de handebol no mundo, ela prefere evitar a badalação. "Não sou a melhor do mundo, eu trabalho muito, mas tem muitas outras goleiras tão boas quanto eu. Prefiro ser uma das que mais trabalham", disse ela à Reuters.
Num esporte em que o goleiro tem que ter reflexos rápidos para conter bolas arremessadas a grande velocidade, Chana, 29, diz que, em sua função, o que vale é a experiência. "Eu estou há 10 anos jogando na Europa, então depois desse tempo, quanto mais velha, melhor", brincou ela depois de jogo em que o Brasil foi derrotado pela Rússia por 28 x 19.
Segundo a ala-direita brasileira Alexandra Nascimento, toda a experiência acumulada por Chana faz os adversários "terem um certo medo dela".
A goleira do Brasil, ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio (2007) e de Winnipeg (1999), tornou-se muito conhecida na Europa, berço do handebol, por ser uma das primeiras estrangeiras contratadas para representar um time europeu, disse o especialista do jornal esportivo francês L'Equipe, Philippe Pailhories.
"Na Europa, a função de goleiro é muito importante e ela está no topo há 10 anos", afirmou o jornalista, que cobre handebol há 10 anos para o diário.
A defensora-central da Rússia Irina Poltoratskaya afirmou que Chana é uma "das top 10 goleiras do mundo", mas diz que a presença da goleira na meta brasileira não impõe medo porque a Rússia é campeã mundial no esporte.
Chana começou a carreira na seleção brasileira em 1998 e já no ano seguinte assinou contrato com time da Espanha. Desde 2004, a goleira defende metas da liga da Dinamarca e está no Randers HK.
Nicolás Valerie, goleira da França, diz que é "muito difícil fazer gol" na brasileira por causa de seus reflexos. "Ela é muito competitiva, muito ativa, joguei várias vezes contra ela e posso dizer é uma ótima goleira", disse Valerie, citada por Pailhories como integrante do grupo das 10 melhores.
O técnico francês Olivier Krumbholz concorda. "Ela tem muito experiência, para mim é uma das melhores do mundo."
Mas diante desses elogios, Chana admite certa frustração com o nível de reconhecimento no Brasil. "Não tem patrocínio, não tem divulgação no Brasil, mas também é algo meio cultural", diz ela. "Enquanto na Dinamarca é muito frio e as crianças brincam dentro de ginásios, jogando handebol, no Brasil todo mundo vai para a rua jogar futebol."