Os mistérios oficiais

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Pela primeira vez ouvi o governador Beto Richa dizer que mandará fazer um levantamento sobre as questões relacionadas com o andamento do financiamento público e as obras da Arena. Nem precisa fazer investigação nenhuma, salvo – o que pode acontecer –, que o governador esteja sendo enganado pelas pessoas que o cercam e que sabem tudo o que ocorre nos porões e sob o brilho do sol mais escancarado de Curitiba.

Li com surpresa que o secretário da Copa da prefeitura de Curitiba, Luiz de Carvalho, encaminhou expediente ao Atlético, solicitando informações sobre as graves denúncias feitas pelo advogado José Cid Campêlo Filho. É uma heresia, primeiro pelo relacionamento íntimo do senhor Carvalho com Beto, Ducci e dirigentes do Atlético. Como porta-voz da prefeitura sobre assuntos do Mundial, o secretário, obrigatoriamente, deveria saber de tudo o que se passa nos bastidores, lógico, sem revelar ao público o que conhece. O contrário seria total negação da transparência exigida pela moralidade pública.

Esse comportamento está mais parecido com fanatismo clubístico e muito menos com a obrigação inerente à função que exerce e para a qual é muito bem pago pelo executivo municipal. A ligação de Luiz de Carvalho com o governador Richa é muito antiga, informa ao colunista um colaborador de campanhas eleitorais de Beto.

É o mesmo caso de Mario Celso Cunha, conselheiro do Atlético e secretário estadual da Copa, o mesmo que chegou a dizer em reunião do Conselho Deliberativo que o financiamento que o governo estadual está repassando ao clube, provavelmente, nem precisaria ser pago, conforme depoimento gravado e transmitido aos ouvintes de rádio, transcrito por jornais e veiculados pela televisão.

Ao pedir informações e prometer punição aos culpados, Beto Richa age como Lula durante o rombo do "mensalão" ao bradar publicamente "que não sabia de nada".

Convenhamos, quando o chefe diz que não sabe de atitudes erradas e tudo continua do mesmo jeito, não está interessado em revelar ao povo a verdade dos fatos.

Pronunciamento do TC

Está pautada para hoje, 14 horas, a apreciação pelo Tribunal de Contas do Paraná do relatório elaborado por especialistas da corte em que categoricamente é dito que o dinheiro repassado ao Atlético é público.

Campêlo Filho, ao denunciar favorecimento a parentes do presidente Rubro-Negro, também disse que o clube está trabalhando com dinheiro público, que não deve ser usado por parentes do presidente da CAP S/A e do Atlético.

Não vejo como o TC não seguir o que está escrito pelos seus advogados para proteger a legalidade, a moralidade e a transparência das operações financeiras.

A sessão de logo mais do TC será transmitida pela canal 16 da Net e pelo site do tribunal: www.tce.pr.gov.br.