Há 18 anos, os dirigentes de Pinheiros e Colorado acertaram a fusão dos dois clubes para que fosse possível nascer o "Clube do Ano 2000". Esse foi o slogan que marcou o nascimento do Paraná Clube em 19 de dezembro de 1989. A meta era que a união de um quadro social bem estruturado, construído pelo Pinheiros, e a maior torcida e tradição do Colorado, formassem um time capaz de se tornar a maior força futebolística do estado nos 10 anos seguintes, para então se expandir em direção ao cenário nacional e internacional.
"Quando foi feita a fusão, nós tínhamos feito a previsão de que o Paraná seria clube do ano 2000. O maior passo do clube fora do estado seria no ano 2000, ou por volta disso. Talvez já imaginávamos, naquela época, que na seqüência poderíamos disputar uma Taça Libertadores", relembra Aramis Tissot, ex-presidente paranista e que fora dirigente do Pinheiros.
Um outro ex-presidente do Paraná, o publicitário Ernani Buchmann, também acredita que o atual momento do Paraná, disputando a sua primeira Libertadores, poderia ter chegado antes. "Até era previsto isso, na revista do Paraná que teve algumas edições editadas por mim, havia um artigo na última página na qual eu afirmava que qualquer dia desses estaríamos voltando de Tóquio. Isto foi em 1995. Naquela época, já havia essa certeza, essa premonição do coração, no qual se transforma desejos em realidade. Acho que o Paraná está chegando naquele ponto em que já deveria ter estado no fim dos anos 90. Porém, a gestão seguinte à minha (de Dilso Rossi, que comandou o clube entre 1998 e 1999 e era opositor de Buchmann) atrasou tudo", conta.
Um dos maiores ídolos da curta história do Paraná, o ex-atacante Saulo, apelidado de "Tigre da Vila" pelos torcedores paranistas, acredita que a chegada do Tricolor à Libertadores era esperada a partir do momento em que a diretoria do clube passou a acreditar e investir neste sentido. "O Paraná de 2003, quando eu era o treinador, passou a acreditar que poderia chegar mais longe, e eu acho que poderia ter, se tivesse sido mais organizado, chegado à Libertadores antes deste ano", analisa o maior artilheiro da história do clube, com 106 gols marcados.
O presidente da atual gestão tricolor, José Carlos de Miranda, concorda com Saulo. "O objetivo do grupo da fusão era transformar o Paraná no grande clube do estado, e isso foi uma mudança até sociológica no estado do Paraná, onde os clubes sociais entraram em decadência nos anos 90. Nesta gestão, adequamos o Paraná à realidade atual do futebol, e com a equipe de dirigentes que formamos, estamos colhendo os resultados", afirma Miranda.
Virtudes do time atual
Todos os entrevistados acreditam que o trabalho que vem sendo feito desde 2003, quando o Tricolor chegou perto de se classificar para a Libertadores em duas ocasiões - antes do ano passado - está gerando frutos esperados. A manutenção da mesma equipe de dirigentes, e as contratações acertadas, acabaram fazendo a diferença durante essa trajetória.
"Acho que as virtudes desse time é a identificação que jogadores como o Flávio, o Beto, o Goiano, tem com o clube. Eles já estão no clube há alguns anos e sabem de todas as dificuldades que foram encontradas até aqui. Já os jogadores que vieram mais recentemente são de boa qualidade, como o Josiel, o Gérson, o Henrique. Acredito que, se passar pelo Cobreloa, o time vai fazer uma boa campanha na competição. Na fase de grupos, o Paraná passa junto com o Flamengo. Daí para frente, é lucro. O importante é que o Parana está abrindo uma porta e tem que pensar sempre em manter esse nível, e para cima", explicou Ernani Buchmann.
Aramis Tissot pensa de forma semelhante. "Estou confiante. Dentro do curto espaço de tempo de preparação, acho que o time pode fazer um grande papel. Evidente que se tivéssemos mantido equipe do ano passado, o Paraná teria uma grande Libertadores sem dúvida nenhuma. Agora é apostar nessa equipe, que teve um curto espaço de tempo para se preparar, mas creio que, assim como em anos anteriores, as contratações foram acertadas e vão corresponder".
Momento histórico
A aproximação do dia do jogo, quinta-feira (1), às 19h15, no Estádio de Calama, no Chile, traz boas recordações aos antigos dirigentes. "O sentimento que guardo, como uma das pessoas que ajudou a construir essa história do Paraná, é de como se tivesse ainda disputando o primeiro jogo, no campo do Coritiba, em 1990, quando perdemos por 1 a 0. Ainda sofro muito durante as partidas, apesar de estar afastado do clube. Mas quando posso ir ao Durival de Britto, sempre vou. Estarei no jogo de volta contra o Cobreloa, no dia 7 de fevereiro", assegura Tissot.
O presidente Miranda também se emociona ao falar do atual momento tricolor. "Quem imaginaria que estaríamos na Libertadores, no deserto do Atacama, jogando contra o Cobreloa, que já foi vice da competição? Essa é uma vitória sobre os céticos, já que o povo paranaense é autofágico historicamente e costuma sempre ir para o lado negativo em geral. A lição que fica, independente da classificação, é que as pessoas precisam acreditar umas nas outras", afirma.
Torcida e vontade
O ex-presidente Ernani Buchmann não guarda mágoas do período em que comandou o Paraná. Ele torce pelo sucesso do clube na competição internacional, mas não tem "uma pontinha" de vontade de estar vivendo um momento como o atual na direção do Tricolor. "Não há duvida de que, além do fato de ser torcedor, ajudei a fazer algo pelo clube. Hoje em dia não sou nada além do que torcedor, por isso não tenho vontade de participar deste momento. Desejo sorte para quem está lá".
Já Aramis Tissot lembra que é provável que a torcida dos rivais Coritiba e Atlético façam uma corrente pela desclassificação do Paraná. "Eles (coxas-brancas e atleticanos) nunca aceitaram o crescimento do Paraná Clube. Lembro-me até que tentaram, em uma ocasião, destruir a equipe. Porém, não conseguiram e acredito que 99% deles estarão torcendo contra nós na Libertadores", declara o ex-presidente.
Já o "Tigre da Vila" descarta o possível desejo de participar do atual momento paranista, mas deseja toda a sorte para a equipe nesta nova empreitada. "O Caio Junior levou o Paraná para a Libertadores jogando com dois esquema táticos apenas. Aquele time se defendia bem, e atacava bem. Quando o treinador sabe colocar o que quer para os atletas, consegue os seus objetivos. E é o que espero que aconteça agora com o Zetti", comenta Saulo.
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