Calejado pela falta de resultados dentro de campo, o torcedor do Paraná Clube ainda pode receber notícias positivas nesta temporada. Uma das que mais vem tomando tempo da diretoria tricolor é pôr fim à disputa judicial com a extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e ficar em definitivo com a posse do terreno onde foi construída a Vila Capanema. Se conseguir um parecer favorável e definitivo a um tema que já dura 37 anos, o clube promete anúncios.
Nos últimos meses, a diretoria paranista foi procurada por empresários interessados em erguer um grande empreendimento anexo a uma nova Vila Capenama, toda remodelada e moderna. Não há detalhes do projeto, mas ele seria uma continuidade de outros dois já anunciados e que não vingaram, primeiro em 1997 pelo então presidente Ernani Buchmann, e o de 2004, mostrado por José Carlos de Miranda, que teve como base o anterior, com algumas melhorias, mas que também não se viabilizou.
"Estamos trabalhando neste sentido, o nosso jurídico também está em cima disso, e temos certeza que as coisas vão se resolver logo. Temos a intenção de partir para um projeto grande, é tudo questão de ter paciência e obter, primeiramente, a liberação da área para o Paraná Clube, e então podermos avançar. Estou convicto de que teremos novidades em breve", afirmou o presidente paranista Aquilino Romani, por telefone, à Gazeta do Povo.
Além de um estádio moderno, dentro dos padrões da Fifa, os investimentos seriam voltados para a construção de um hotel, um centro comercial com um shopping anexo, e outros equipamentos complementares. Tais intenções lembram muito do que a WTorre tentou fazer junto ao Coritiba há dois anos, mas a localização do Couto Pereira inviabilizou a investida. A localização é justamente o trunfo que teria gerado interesse de investidores pelo Durival Britto. Vale lembrar que a área receberá grandes investimentos na mobilidade de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014. Romani evitou falar em nome dos interessados, preferindo aguardar o trabalho do departamento jurídico para não criar falsas expectativas.
"É difícil trabalhar com datas e prazos quando você fala de assuntos que estão nas mãos da Justiça. O que temos de concreto é o interesse do poder privado e estamos fazendo o que nos cabe neste momento", completou o mandatário tricolor. Do outro lado, o advogado do clube, Alessandro Kishino, adota a mesma postura de cautela, embora espere que situações fora do âmbito jurídico possam fazer o assunto andar.
"O processo está em Porto Alegre (no Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e o recurso da União está sendo analisado. Estamos aguardando o relator dar o seu parecer sobre isso. Estamos nos articulando nos bastidores para tentar adiantar os trâmites. Do ponto de vista jurídico apenas, se não nos mexermos e tudo seguir como já ocorre, o processo vai demorar, no mínimo, mais uns dez anos para ter um desfecho, por isso a nossa mobilização", comentou Kishino.
O processo inicial entre a RFFSA e o Paraná data do fim da década de 60. De um lado, a Rede alega que a área foi cedida por funcionários seus ao Clube Atlético Ferroviário, um dos clubes que deram origem ao Tricolor. Do outro, o Paraná afirma que o Ferroviário já era nos anos 40, na ocasião da Vila Capanema, uma agremiação independente da RFFSA. Entre vitórias parciais para uma ou outra parte e uma enxurrada de recursos ao longo dos anos, o assunto nunca encontrou o seu desfecho final. Mesmo com a extinção da Rede, a União quer a área para quitação de antigas dívidas trabalhistas.
Como o Coritiba já esboçou anteriormente, o Paraná alimenta um sonho de ser um "plano B" para Curitiba, caso a Arena da Baixada não seja concluída para a Copa de 2014. Todavia, a realidade é ter um estádio apto a servir como centro de treinamento para as seleções que ficarem sediadas na capital paranaense.
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