Paraná vende promessas para atenuar vergonha

• 0

Prolongou-se a agonia na Vila Capanema. Ontem à tarde, ao contrário do que havia prometido, a diretoria do Paraná não deu fim ao problema da dívida com os jogadores de um salário e dois direitos de imagem – atraso que chegou a provocar uma paralisação na manhã de terça-feira. Fez apenas uma nova promessa, de que até amanhã, ao meio-dia, nove horas antes do confronto com o Forta­­leza, tudo estará resolvido.

O que não mudou foi a alternativa encontrada pelo clube para angariar o dinheiro e evitar a ameaça dos jogadores de não entrar em campo diante dos cearenses – o que renderia, de acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, a perda dos pontos em favor do adversário e proibição de participar do campeonato subsequente da mesma entidade, além de multa.

Para cobrir o débito de cerca de R$ 1 milhão que possui com o elenco, o Tricolor vai mesmo se desfazer de parte dos direitos de algumas de suas revelações. Ago­­ra, a compradora já tem nome: Zetex Sports. O goleiro Rodolfo e os meias Vinícius, Elvis e Bruninho interessam ao grupo e a negociação está perto de ser concretizada.

"Temos um bom relacionamento e estamos colaborando com o Paraná. O porcentual ainda não está definido, assim como os valores, mas acredito que até a se­­­mana que vem isso aconteça", diz Juliano Cunha, presidente da com­­panhia, que já tem direitos sobre o atacante Wellington Silva, o volante Edimar e o meia Kléber no Durival Britto.

De olho nessa receita, o Tricolor conseguiu "se virar". "Está tudo encaminhado, vamos dar um jeito. Há outras situações também em andamento, que vão nos ajudar", comenta Aquilino Romani, presidente eleito do Paraná. Espe­­culou-se que o dirigente colocaria dinheiro do próprio bolso, o que ele nega.

Como "outras situações", entenda-se a entrada de algum tipo de patrocínio em breve – a Via Luant, empresa de roupa masculina, já mostrou-se disposta a manter sua marca na camisa paranista. Porém, para tanto, terá de pagar bem mais do que os R$ 80 mil gastos por três meses de exposição na Segundona-2009.

Há também a possibilidade de um reforço de caixa vindo de um grupo de investimento e parcerias. "Ainda não podemos comentar, pois não são coisas fechadas, mas logo teremos novidades", afirma Romani.

A primeira delas pode ser, finalmente, a renovação do contrato do técnico Roberto Cavalo. Ontem, Romani e o treinador já conversaram e, ao que tudo indica, o desfecho ocorrerá ainda hoje.

* * * * *

Histórico

Lucro com Giuliano foi irrisório

Saída encontrada para resolver a dívida com os atletas, a venda de porcentuais de revelações das categorias de base já se mostrou um negócio ruim na Vila Capanema. Foi assim com o meia Giuliano, hoje no Internacional.

Quando ele era apenas uma promessa do clube, em 2006, o Paraná, por causa de dificuldades financeiras, já havia perdido 20% dos direitos sobre Giuliano em uma renovação de contrato do atleta, que adquiriu esse porcentual.

Dois anos mais tarde, em 2008, foi a vez de a Traffic investir no meia que se destacava. A empresa adquiriu metade dos 80% que o Tricolor ainda detinha, por cerca de R$ 1,5 milhão. Negociação que acabou se revelando excelente para a empresa, já que Giuliano terminou a temporada eleito principal revelação da Série B pela CBF.

Então ele foi para o Internacional. O clube gaúcho pagou R$ 2,5 milhões pelos 40% do Paraná e levou Giuliano para o Beira-Rio junto com a Traffic.Não demorou muito, o ex-paranista virou capitão da seleção brasileira sub-20 (vice-campeã mundial) e fecha o ano mais uma vez como uma das grandes revelações do Brasileiro, só que agora da Série A.