Relatório da Polícia Federal a respeito da investigação sobre a parceria Corinthians/MSI vazou para a imprensa. O jornal "Folha de S. Paulo" publica na edição deste domingo trechos do documento, de 72 páginas, que mostra conversas telefônicas, em escutas autorizadas pela Justiça, entre os principais envolvidos. Como de praxe, a PF deu um nome à sua investigação: Operação Perestroika, devido a um dos vigiados ser o russo Boris Berezovski.
Aliás, a principal revelação da documentação é a confirmação de que Berezovki é um dos investidores do MSI, fato que o presidente afastado do Corinthians, Alberto Dualib, e o próprio russo negaram em depoimento à PF. Dualib aparece em mais de um contato telefônico esperando dinheiro de Berezovski, em 2006, que nunca veio.
As conversas mostram que alguns jogadores do Corinthians, entre eles os meias Ricardinho e Carlos Alberto, receberiam parte de seus salários fora do país. Assim não pagavam impostos. Se denunciados podem responder pelo crime de evasão de divisas, que prevê pena de dois a seis anos de prisão.
As interceptações mostram que o empresário Renato Duprat teve participação ativa nas negociações com Berezovski, depois que Kia Joorabchian, presidente do MSI, deixou o Brasil e se afastou da parceria. E que Duprat e Dualib tentaram interceder junto com o presidente Lula, em encontro no Palácio no Planalto, para facilitar a entrada de Berezovski no Brasil. O russo é condenado na Rússia por diversos crimes e mora em Londres (ING) como asilado político. Ele tinha interesse no Brasil na compra da Varig e investimentos em Biodiesel.
Há até tentativa de suborno na documentação. A cúpula corintiana, composta por Dualib e pelo vice-presidente, também afastado, Nesi Curi, ofereceram dinheiro a um fiscal da Receita Federal para não autuar o clube. Valor: R$ 150 mil.
Dualib, Duprat, Curi estão denunciados pelos crimes de lavagem de dinheiro (pena de três a dez anos de prisão, mais multa) e formação de quadrilha (pena de um a três anos de prisão). Boris Berezovski e Kia Joorabchian tiveram a prisão decretada.