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Ser imprudente no trânsito, além de crime conforme a legislação, custa caro. Algumas pessoas responderiam que ser imprudente no trânsito custa o preço de uma multa de radar ou um conserto na oficina mecânica. Ou talvez alguns pontos na carteira e dois, três meses sem poder dirigir. Mas, para a maioria das pessoas que sofreram um grave acidente de trânsito e ficaram com seqüelas, a resposta pode ser uma alta cifra por mês e para toda a vida. Os gastos com essas pessoas, considerando as necessidades mínimas, é de pelo menos R$ 1.500,00, podendo ser bem maior, chegando ao dobro ou triplo.

Geralmente, os pacientes graves necessitam fazer tratamentos com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. Além disso, também há os remédios; cadeira de rodas, muletas e/ou próteses; e materiais de higiene especiais, como fraldas descartáveis. Quem tem melhores condições financeiras ainda contrata enfermeiros ou os chamados cuidadores, que são pessoas que não têm a formação universitária.

Considerando que o paciente faça duas seções de fisioterapia e outras duas de terapia ocupacional por semana, ao final do mês o gasto é de cerca de R$ 600,00. Salvo as seções de fisioterapia, descartadas da lista de custos por serem cobertas pelos planos de saúde. "E isso é o mínimo de terapia por semana que o paciente deve fazer, fora os outros gastos", afirma a terapeuta ocupacional do Centro de Reabilitação de Curitiba, Maria de Fátima Malucelli Mariotto. A recomedação ainda é que, se possível, os tratamentos sejam complementados com hidro e equoterapias.

Recuperação

O CRC atende cerca de 300 pacientes por dia, entre os quais vítimas de acidentes automobilísticos. Para cada dez pacientes atendidos no setor de fisioterapia, por exemplo, sete tiveram traumatismo craniano por conseqüência do trânsito. A maioria são adolescentes, jovens adultos e crianças. "Grande parte tem de 19 a 29 anos e de zero a nove anos de idade", revela a fisioterapeuta do CRC, Andrea Haffner.

Dificilmente as pessoas que chegam com alguma lesão, na maioria neurológicas, voltam a ter uma vida que possa ser considerada normal. De acordo com Andrea, "70% não retorna a fazer as atividades da mesma forma, dependendo do trauma". A terapeuta Maria de Fátima explica que essas vítimas se tornam pacientes permanentes. "Não há grandes melhoras, mas eles também não regridem, o que pode acontecer se pararem. É o que chamamos de tratamento de manutenção", diz.

29 anos de tratamento

Como contam as profissionais de reabilitação do CRC, geralmente as lesões na cabeça acontecem devido ao impacto das batidas, chamado de "chicote de pescoço". Assim, não é necessário que haja um choque com outro passageiro, vidro ou teto do carro, por exemplo, para que ocorra a lesão. "Com o movimento brusco da cabeça, o cérebro incha, encosta na calota (crânio) e provoca o edema", conta Maria de Fátima.

Foi o que aconteceu com uma das pacientes do CRC, uma mulher de 48 anos, que faz tratamento há 29. Ela foi vítima de um acidente de trânsito em Curitiba, aos 19 anos. Na época, a paciente fazia faculdade de Psicologia na capital. Ela ficou tetraplégica e hoje depende de uma cadeira de rodas. A fala também ficou um pouco comprometida.

No caso desta paciente, a lesão se formou no intervalo entre o acidente e a chegada do resgate. "Quando o socorro chegou, já havia gerado o edema e ela entrou em coma (que durou pouco mais de três meses)", relata Maria de Fátima. Apesar de ter passado tanto tempo do acidente e por tantas sessões de terapia, a paciente acredita na recuperação. "Ela ainda tem muita esperança", conclui Andrea.

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