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 | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Jamelli teria bancado Dinelson no Coxa

A contratação de Dinelson pelo Coritiba por pouco não aconteceu. Quem garantiu a vinda do jogador foi o ex-gerente de futebol do Alviverde, Paulo Jamelli. A problema que hoje aflige o jogador no Paraná já tinha sido constatado pelo departamento médico do Alviverde, como disse à reportagem o doutor Lúcio Erlund. Todavia, a gravidade quase impediu a contratação, de acordo com uma fonte.

"O joelho direito dele está ótimo, faltou a recuperação do outro. Existia conhecimento do problema do Dinelson e a inflamação no esquerdo é um pouco maior do que uma simples tendinite. Não sei se o critério que o liberou para o gramado foi o mais correto, mas acho que esta situação é complicada para o jogador, talvez só cirurgia resolva", disse à Gazeta a fonte que prefere o anonimato, mas que acompanhou o caso nos bastidores do Alto da Glória.

  • Dinelson disse que a dor no joelho esquerdo o incomodava desde sua saída do Corinthians.

O meia Dinelson, do Paraná Clube, não suportou as dores causadas pelo tendinose no joelho esquerdo e pediu para sofrer uma cirurgia para solucionar o problema. O próprio jogador comunicou o pedido à imprensa na tarde desta quarta-feira (8), na Vila Capanema. Ele disse ter voltado a sentir a contusão nos últimos dias e, por não aguentar mais conviver com a dor, achou melhor ser operado.

Contudo, se tiver que encarar o procedimento cirúrgico, o jogador não atuará mais pelo Paraná Clube. "Conversamos com os procuradores do atleta hoje e ele será novamente avaliado pelos médicos do clube que detém seus direitos (o Avaí). Se for comprovada a necessidade da cirurgia, infelizmente o Paraná e o Dinelson irão rescindir o vínculo", explicou.

O presidente lamentou a situação e fez questão de ressaltar a conduta exemplar de Dinelson no caso. "Ele é um garoto muito direito. Já o conhecíamos de outros tempos e mantemos um ótimo relacionamento. Pena não podermos continuar com esse projeto, caso o vínculo seja rompido".

A cirurgia

O tempo estimado de afastamento dos gramados é de três a quatro meses. Assim, existe a possibilidade de o jogador, principal contratação do Paraná para a Série B, não atuar mais na competição.

"Todo mundo estava correndo um risco. Eu, o Paraná, os médicos, o investidor. Estava me sentindo bem. Não seria louco de me comprometer a ajudar o Paraná a subir se não tivesse condições de jogar", afirmou o jogador.

"Era uma dor que estava me incomodando já no Corinthians. Fui para o Coritiba e essa dor continuou, deu uma melhorada. Vim para o Paraná eu consegui melhorar bastante, praticamente sumiu. Depois de alguns jogos, uns três, ela voltou. E isso dificultou para a minha evolução física", prosseguiu o meia.

Dinelson diz que tinha condições de seguir jogando, mas preferiu pensar na sua carreira a longo prazo. "Poder jogar eu posso, mas não 100%. Então eu pensei bem, na minha carreira, eu sou novo, e decidi colocar para os médicos e a diretoria essa minha situação. Estou vendo o melhor para todo mundo, não só para mim, mas para o Paraná", explicou.

O departamento médico do Paraná informou, via assessoria de imprensa, que não irá se pronunciar sobre o tema.

Problema é consequência de lesões no joelho direito

O problema no joelho esquerdo de Dinelson veio à tona na segunda-feira, quando o diretor-médico do Tricolor, Mohtyd Domit, deu informações sobre a situação clínico do meia em entrevista à Rádio CBN. Disse que o jogador tem um problema crônico, semelhante ao do atacante Ronaldo, do Corinthians. A declaração gerou mal-estar na Vila Capanema.

Segundo Domit informou à emissora, Dinelson sofre de uma "tendinose" de grau 1 no joelho esquerdo. O termo é praticamente um sinônimo da tendinite, tão falada e discutida no mundo do futebol. Ambos os problemas são uma lesão no tendão por movimentos repetitivos. Esta "doença do tendão" pode ainda impossibilitar a pessoa de realizar determinados movimentos.

Se na Vila Capanema o assunto é tratado como tabu, no último clube de Dinelson, o Coritiba, o assunto foi abordado de forma aberta. O Alviverde trouxe o meia por empréstimo em agosto do ano passado, vindo do Corinthians. No Alvinegro paulista o jogador sofreu uma lesão muito grave no joelho direito e foi operado pelo conceituado médico Moisés Cohen. E foi neste procedimento, feito de forma correta e como manda a norma médica, que Dinelson pode ter contraído o problema que o aflige no Paraná.

"No Corinthians ele rompeu três dos quatro ligamentos do joelho. Ele passou por duas cirurgias, e em uma delas foi necessário tirar um enxerto do tendão do joelho esquerdo, porque no outro joelho o dano era muito grande. Ele chegou ao Coritiba em um estado pós-operatório, a operação feita em São Paulo foi muito bem realizada, e aqui fez toda a recuperação, participou de alguns jogos, mas a dor no joelho esquerdo persistia", afirmou o diretor-médico do Coxa, Lúcio Erlund.

Preocupação não só com parte física, mas também psicológica

Ciente de que o tema é polêmico e que Dinelson poderia ser taxado de "bichado" – termo futebolístico comumente direcionado a jogadores com problemas clínicos –, o médico coritibano prega que o meia deixou o Alviverde para se transferir para o Paraná ainda em processo de recuperação.

"Desde o Corinthians ele já tinha esta dor, chegou aqui assim. Ele nunca conseguiu jogar pelo Coritiba em sua melhor condição, optou por sair e até fez gol na sua estreia pelo Paraná. Da nossa parte fizemos tudo dentro do planejado, o que acontece agora é fruto da lesão gravíssima do joelho direito dele. É um jogador de alto nível, uma pessoa fantástica, e que se pudesse chegar aos seus 100% poderia ter nos ajudando muito", completou Erlund.

O problema vinha obrigando Dinelson a seguir uma rotina de tratamentos, alterada de acordo com a resposta dada pelo seu corpo. Algo similar à programação seguida por Ronaldo no Corinthians.

"Em casos assim nós poupamos o jogador, o colocamos em certos jogos, tratamos dois, três dias, depois o liberamos. O cuidado é total. O tratamento de qualquer patologia tem uma sequência lógica, e tudo depende da resposta. Sabemos que ele está muito chateado com os problemas dos últimos dois anos, por isso acho que é preciso ter cuidado neste caso. Ele é um ser humano e não gostaria de estar passando por isso", concluiu o médico do Coritiba.

Entre a tarde de segunda-feira e a manhã de ontem. a reportagem procurou o vice-presidente de futebol do Paraná, Márcio Villela, e o proprietário da LA Sports, Luiz Alberto Oliveira, que viabilizou a contratação de Dinelson. Ambos afirmaram desconhecer o problema no joelho esquerdo do meia e a sua gravidade. "Ele não vem sendo titular por um critério do antigo treinador", ponderou Villela.

Já o ex-técnico do Tricolor, Zetti, preferiu não se aprofundar no tema. "Prefiro preservar o Dinelson, antes de qualquer coisa. Não estou mais envolvido e quem tem de falar são o atleta e o departamento médico. Fiz um trabalho não só com ele, mas com todo o grupo, estávamos preparando o Dinelson para os jogos, porém os resultados não vieram", comentou.

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