Neste espaço, depois do primeiro GP da temporada, cometi uma certa ousadia que um cronista especializado em automobilismo precisa tomar de vez em quando: traçar paralelos entre um piloto atual e Ayrton Senna.
Claro, é impossível comparar gênios do esporte em todos os sentidos, e isso vale também para outras modalidades, como o futebol. Pelé é Pelé, Maradona é Maradona. É assim também na F1, com os reis de cada era sendo imortalizados por suas conquistas incomparáveis, como Fangio, Clark, Lauda, Piquet, Prost, Senna, Schumacher, entre outros.
Após o GP da Austrália, escrevi que, antes, o estilo agressivo de Vettel lembrava o de Senna na época da Lotus. E, em 2011, o já campeão do mundo está encontrando a receita perfeita de amadurecimento e velocidade, como ocorreu com o brasileiro após 1988, quando conquistou o primeiro de seus três títulos.
Muita gente me perguntou se o talento de Vettel é assim tão extraordinário. Pois a vitória ontem no GP da Turquia dá claros indícios de que estamos diante de um dos grandes nomes do esporte. Por isso, o paralelo traçado com Senna serve para ilustrar o momento de carreira que os dois viveram com bastante semelhança.
Não se pode esquecer que o aclamado Vettel de hoje é o mesmo que foi acusado de estar "jogando um título fora" no ano passado neste mesmo GP da Turquia, após se envolver em acidente com o próprio companheiro de equipe, Mark Webber. "Muito rápido, porém imaturo", assim rotulavam Vettel. Era o que alguns jornalistas também diziam do jovem Senna em seus anos iniciais na Lotus.
Outra semelhança na carreira dos dois: o alto índice de aproveitamento de poles e vitórias com o melhor carro do grid. Claro, tantas vitórias seguidas só é possível porque a F1 é um esporte de equipe Schumacher que o diga em suas conquistas pela Ferrari. O que Senna fez com a McLaren Vettel está fazendo com a Red Bull. Será que esta comparação ainda terá efeito nos próximos GPs? Difícil dizer, mas ver o desenrolar desta história é uma oportunidade única para quem aprecia o automobilismo.
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