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Espectadores em 2011, Sérgio Manoel, Ayrton e Roberto fazem jogo da vida
A manutenção da base do Coritiba fica evidente olhando para as prováveis escalações para o jogo de hoje. Marcelo Oliveira mandará a campo no máximo três jogadores que não estavam no clube na final contra o Vasco. Três espectadores que sofreram com a mais eletrizante decisão do futebol brasileiro em 2011, sem ter a menor ideia de que, 13 meses depois, teriam a oportunidade de dar ao Coxa o título que escapou por um gol.
"Nem imaginava vir jogar no Coritiba e achei muito injusta aquela derrota. O time foi melhor em São Januário e acabou perdendo por um detalhe de regulamento", diz o volante Sérgio Manoel, que estava no Mirassol. "Estar em uma final de campeonato nacional é o sonho de todo jogador. Será o maior jogo da minha carreira", acrescenta o jogador de 22 anos.
Para Roberto e Ayrton, também será a decisão mais importante da carreira. O atacante acompanhou a partida do Japão, onde defendia o FC Tokyo. Ayrton defendia o Londrina na Segunda Divisão do Paranaense.
Os três chegaram ao Coritiba para cobrir buracos no elenco. Sérgio Manoel veio como uma solução tardia para a saída de Léo Gago. O mesmo para Roberto em relação a Marcos Aurélio. A contratação de Ayrton foi emergencial, após a lesão que obrigou Jackson a passar por uma cirurgia no joelho direito.
Dos três, apenas Sérgio Manoel. que volta de suspensão, tem escalação garantida hoje. Roberto e Ayrton voltam de contusão e são dúvida.
Gil é a primeira opção para substituir um dos dois.
A conta dentro de campo é a mais simples de todas. Vitória por três ou mais gols de diferença, título nos 90 minutos. Triunfo por 2 a 0, decisão por pênaltis. Qualquer outro resultado, Palmeiras campeão. Mas é a matemática fora das quatro linhas que dá a dimensão do inédito troféu da Copa do Brasil que o Coritiba busca a partir das 21h50 de hoje, no Couto Pereira.
Maior calendário da história do clube, crescimento do quadro associativo, valorização da marca e do elenco são os benefícios mensuráveis. Para aqueles pouco sensíveis aos números, é vencer o segundo principal título do país e a repetição de uma situação que a torcida coxa-branca viveu entre 1985 e 2001: ter na sala de troféus uma conquista nacional que falta a todos os outros clubes do estado.
O primeiro gatilho disparado caso o Coritiba conquiste a Copa do Brasil será o valor do elenco. A projeção da Pluri Consultoria, empresa especializada em futebol, é de uma valorização de 16% do grupo com o título no currículo. Como comparativo, o Corinthians campeão da Libertadores tornou-se 12% mais valioso. Uma diferença explicada pelo fato de os atletas corintianos já estarem em uma vitrine naturalmente mais visível do que a dos coxas-brancas.
O ganho dos jogadores se estende ao clube. No fim do mês, a Pluri publicará um estudo apontando o Coritiba como o 12.º time de futebol mais valioso do Brasil, com marca estimada em R$ 132 milhões. O título da Copa do Brasil já corrigiria esse valor em pelo menos 8%, com a possibilidade crescer ainda mais.
"Há um impacto na negociação de novos patrocínios, nas receitas com sócios, um pouco menor nos direitos de tevê. Se o clube souber capitalizar, alavanca bem a marca", diz Fernando Ferreira, economista da Pluri.
O Coritiba faz planos para tirar proveito de uma eventual conquista. O primeiro reflexo esperado é no número de associados. A chegada à decisão elevou o quadro adimplente para cerca de 30 mil torcedores. A expectativa é que, com o título, a redução seja menor que a do ano passado, quando houve um pico de 31 mil para a final contra o Vasco e semanas depois registrou-se uma queda para 27 mil.
Mesmo com a atração de novos mensalistas, o clube não vislumbra um Couto Pereira ocupado apenas por associados. Atualmente, o estádio tem capacidade liberada para 34,7 mil torcedores, número que deve aumentar até o fim do ano. "Temos essa capacidade para atender às exigências dos Bombeiros para saídas de emergência. Faremos obras de adequação que, aprovadas pelos Bombeiros, elevarão a capacidade para 42 mil", revela o presidente Vilson Ribeiro de Andrade.
Um Couto maior para um calendário robusto. Vencer a Copa do Brasil dará ao Coritiba, em 2013, a agenda mais recheada da sua história. A terceira participação na Libertadores é a cereja no bolo, com a entrada direta na fase de grupos sem que isso impeça a defesa do título do mata-mata nacional.
Com a remodelação do torneio, os brasileiros da Libertadores entram direto nas oitavas de final da Copa do Brasil, que será disputada de março a novembro. E para quem for eliminado logo de cara no torneio, há o consolo da Sul-Americana. As quatro vagas nacionais para o torneio de 2013 serão distribuídas entre os eliminados nas oitavas da próxima Copa do Brasil, com base na classificação do Brasileiro-2012.
Um cenário que chegaria ao Coritiba antes do planejado. O projeto de gestão iniciado em 2010 estipulava uma série de metas para cinco anos. Disputar com assiduidade e ganhar títulos nacionais estava previsto apenas para o quarto ano. Uma antecipação que não surpreende. "A surpresa foi ano passado, quando tudo deu certo e chegamos à final. Neste ano nos planejamos um pouco melhor e repetir a classificação à final estava nos nossos planos", diz Vilson, que avisa: "O planejamento segue o mesmo, com ou sem título".
A segunda hipótese não é nem cogitada pelos torcedores, que ontem esgotaram em pouco mais de duas horas os 600 últimos ingressos postos à venda. Coxa-branca desde a infância e jogador com mais tempo de clube, o volante Willian incorpora esse espírito. "Fiz o gol ano passado, que acabou não servindo para nada. Neste ano o título não pode escapar de novo dentro da nossa casa", diz.
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