Nunca antes um Atletiba teve tanta relevância nacional. Além do destino dos dois grandes rivais, o jogo desta tarde ultrapassa a rivalidade local. São seis estados envolvidos indiretamente no confronto da Arena. Ao todo, sete grandes clubes de olho no embate paranaense.
Mas a inédita amplitude do clássico pouco importa para os torcedores de Atlético e Coritiba. O duelo 348 entre os dois times, com início às 17 horas, põe em jogo o pesadelo rubro-negro de cair para a Segunda Divisão e o sonho alviverde de jogar a Libertadores.
Quis a campanha e a tabela que o futuro de ambos fosse decidido frente a frente. Após um Brasileiro inteiro na zona de rebaixamento, o último ato rubro-negro ganha contornos trágicos: abrir a Baixada com um pé na Série B, sob os "aplausos" do Coritiba.
Pior ainda: a possibilidade de ver o Coxa, com uma campanha ascendente na competição, garantir no reduto vermelho e preto uma vaga no torneio continental.
"Seria o dia mais negro da história do Atlético", definiu ídolo coxa nos anos 70 e hoje radialista Capitão Hidalgo. Ele defende a classificação deste jogo como o maior Atletiba de todos os tempos.
"Todo clássico é importante, mas como esse, com tantas coisas envolvidas, nunca mais deve existir", reforça o radialista Barcímio Sicupira, o maior artilheiro da história do Atlético, com 154 gols.
O vexatório campeonato atleticano tem, contudo, a possibilidade de outro desfecho. Uma vitória sobre o Coritiba, combinada com derrota do Cruzeiro, diante do Atlético-MG, e tropeço do Ceará, que enfrenta o Bahia, salvaria o Furacão e azedaria a ambição internacional do oponente.
Resultado capaz de inverter a lógica de uma temporada inteira. Atleticanos felizes e alviverdes possivelmente amargando o desperdício da segunda chance de alcançar a América em 2011 incluindo o vacilo também na Copa do Brasil.
O jogo com tanto valor transformou a tensa semana dos adversários. A clausura imperou para evitar qual quer munição para o outro lado.
"Tenho grande respeito pelo Atlético e por seu treinador, o Antônio Lopes. Vamos lá com o poder para buscar a vitória. É um jogo dificílimo, independentemente da condição dos times, aquela história de que clássico é clássico é verdadeira. Precisa ter muito cuidado, jogar bem e ter muito equilíbrio emocional acima de tudo. Cabeça no lugar", alertou o técnico do Coritiba, Marcelo Oliveira, ainda na quarta-feira, única janela de entrevistas permitida pelo clube.
"Todo mundo fica com os nervos à flor da pele. Lá é igual a aqui. Dificuldade vai ter sempre por ser um clássico. Aí tanto faz o Atlético estar por baixo e o Coritiba estar por cima", definiu Antônio Lopes, comandante do Furacão.
Se no campo há respeito; fora dele existe a busca para colocar o encontro desta tarde em um lugar adequado na história.
"Atlético e Coritiba são clubes regionais e seus destaques nacionais foram raros, com o título brasileiro do Coxa, em 85, e do Atlético, em 2001. Os dois, decidindo suas vidas assim, com essa repercussão, nunca aconteceu", cravou o integrante do grupo Helênicos, historiadores do Coxa, Guilherme Straube. "Pode já ter existido clássicos mais eletrizantes, mas não tão importantes", fechou.
Alguns aliviaram a relevância do duelo. "Decisões estaduais sempre foram muito mais importantes ", disse o historiador atleticano Heriberto Machado.
Os jornalistas Carneiro Neto e Vinicius Coelho, autores do livro Atletiba a paixão das multidões, pretendem incluir o duelo desta tarde em uma 2.ª edição da obra.
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