Rafinha, do Coritiba, e Paulo Baier, do Atlético: os destaques do jogo de hoje| Foto: Antonio More/ Gazeta do Povo e Walter Alves/ Gazeta do Povo

Nunca antes um Atletiba teve tanta relevância nacional. Além do destino dos dois grandes rivais, o jogo desta tarde ultrapassa a rivalidade local. São seis estados envolvidos indiretamente no confronto da Arena. Ao todo, sete grandes clu­­­­bes de olho no embate paranaense.

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Mas a inédita amplitude do clás­­sico pouco importa para os torcedores de Atlético e Coritiba. O duelo 348 entre os dois times, com início às 17 horas, põe em jogo o pesadelo rubro-negro de cair para a Segunda Divisão e o sonho alviverde de jogar a Libertadores.

Quis a campanha – e a tabela – que o futuro de ambos fosse decidido frente a frente. Após um Brasileiro inteiro na zona de rebaixamento, o último ato rubro-negro ganha contornos trágicos: abrir a Baixada com um pé na Série B, sob os "aplausos" do Coritiba.

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Pior ainda: a possibilidade de ver o Coxa, com uma campanha ascendente na competição, garantir no reduto vermelho e preto uma vaga no torneio continental.

"Seria o dia mais negro da história do Atlético", definiu ídolo coxa nos anos 70 e hoje radialista Ca­­pi­­tão Hidalgo. Ele defende a classificação deste jogo como ‘o maior Atle­­­­tiba de todos os tempos’.

"Todo clássico é importante, mas como esse, com tantas coisas envolvidas, nunca mais deve existir", reforça o radialista Barcímio Sicupira, o maior artilheiro da história do Atlético, com 154 gols.

O vexatório campeonato atleticano tem, contudo, a possibilidade de outro desfecho. Uma vitória so­­bre o Coritiba, combinada com der­­­rota do Cruzeiro, diante do Atlé­­­­tico-MG, e tropeço do Ceará, que enfrenta o Bahia, salvaria o Furacão e azedaria a ambição in­­ter­­nacional do oponente.

Resultado capaz de inverter a ló­­gica de uma temporada inteira. Atleticanos felizes e alviverdes possivelmente amargando o desperdício da segunda chance de alcançar a América em 2011 – incluindo o vacilo também na Copa do Brasil.

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O jogo com tanto valor transformou a tensa semana dos adversários. A clausura imperou para evitar qual quer munição para o outro lado.

"Tenho grande respeito pelo Atlético e por seu treinador, o An­­tô­­nio Lopes. Vamos lá com o poder para buscar a vitória. É um jogo dificílimo, independentemente da condição dos times, aquela história de que clássico é clássico é verdadeira. Precisa ter muito cuidado, jogar bem e ter muito equilíbrio emocional acima de tudo. Cabeça no lugar", alertou o técnico do Coritiba, Marcelo Oliveira, ainda na quarta-feira, única janela de entrevistas permitida pelo clube.

"Todo mundo fica com os nervos à flor da pele. Lá é igual a aqui. Dificuldade vai ter sempre por ser um clássico. Aí tanto faz o Atlético estar por baixo e o Coritiba estar por cima", definiu Antônio Lopes, comandante do Furacão.

Se no campo há respeito; fora dele existe a busca para colocar o encontro desta tarde em um lugar adequado na história.

"Atlético e Coritiba são clubes re­­gionais e seus destaques nacionais foram raros, com o título brasileiro do Coxa, em 85, e do Atlé­­tico, em 2001. Os dois, decidindo suas vidas assim, com essa repercussão, nunca aconteceu", cravou o integrante do grupo Helênicos, historiadores do Coxa, Guilherme Straube. "Pode já ter existido clássicos mais eletrizantes, mas não tão importantes", fechou.

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Alguns aliviaram a relevância do duelo. "De­cisões estaduais sempre foram muito mais importantes ", disse o historiador atleticano Heriberto Machado.

Os jornalistas Carneiro Neto e Vinicius Coelho, autores do livro Atletiba – a paixão das multidões, pretendem incluir o duelo desta tarde em uma 2.ª edição da obra.