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Caso pode levar técnico à prisão

Não é somente na esfera esportiva que o técnico Jayme Netto pode ser julgado. Após ter confessado que ministrou doses de EPO seus atletas, o treinador pode vir a ser julgado em outra esfera mais ampla, podendo até mesmo ser preso.

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São Paulo - Os três atletas treinados por Jay­me Netto Júnior dispensaram, ontem, a análise da contraprova do exame antidoping realizado em Presidente Prudente (SP), em 15 de junho. Assim, Bruno Lins Tenório, Jorge Célio Sena e Lu­­ cimara Silvestre estão suspensos por dois anos, até 14 de junho de 2011.

"Foi a melhor decisão que poderiam ter tomado", afirmou o advogado Thomaz Paiva, presidente da Agência Antidoping da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que espera o mesmo posicionamento de Jo­­siane Tito e da paranaense Lu­­ciana França, os outros atletas envolvidos no caso – ambos treinados por Inaldo Sena.

Thomaz Paiva também preside a sindicância que investiga o caso. Ele afirma que várias pessoas estão sendo ouvidas, com a colaboração da Rede Atletismo, a equipe dos cinco atletas. E pede para que outros atletas envolvidos, mas não flagrados em exames – situação que foi relatada por Netto Júnior –, deem seus depoimentos.

"Caso a investigação aponte para algum nome, pode haver mesmo a pena de suspensão. Se houver a colaboração, eles serão julgados sob aspectos atenuantes", contou Thomaz Paiva, ao falar sobre a situação de atletas que teriam utilizado o doping, sem, no entanto, serem flagrados.

Os atenuantes também devem ser aplicados se a participação do fisiologista Pedro Balikian Júnior como mentor do doping for confirmada. A CBAt informou que não permitirá que atletas e técnicos sejam os únicos punidos. Pai­­va já disse que pretende ouvir Balikian, mas admite não poder obrigá-lo a se pronunciar. O fisiologista, porém, não deve escapar de punição do Conselho Regional de Educação Física.

Por enquanto, Josiane Tito, uma das atletas de Inaldo Sena, não parece propensa a abrir mão da contraprova. Disposta a provar sua inocência, a velocista garante não ter conhecimento de que a injeção aplicada na sua barriga era doping.

"Se eu soubesse, jamais deixaria aplicar em mim. O meu treinador só aplicou depois de o Pedro ter 'garantido 1.000%' que não era doping e que não sairia na urina", acrescentou.

O método de dopagem com injeções na barriga usado é similar ao usado em um dos maiores escândalos de doping da história, que estourou em 2003. Victor Conte, dono do laboratório norte-americano Balco, determinava a aplicação na barriga de três doses semanais da EPO durante a fase de recuperação dos atletas, entre eles o velocista britânico Dwain Chambers.

A Balco também desenvolveu a substância THG, esteroide anabólico criado especificamente para burlar testes antidoping. Entre os atletas que usaram a droga estão Marion Jones, que perdeu as cinco medalhas ganhas em Sydney-2000. A atleta chegou a ser presa por mentir em investigação.

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