Devido aos últimos acontecimentos envolvendo empreiteiras, política e corrupção, a população deixou de acreditar na honestidade dos projetos de engenharia pertencentes ao Estado. Com isso, grandes empresas públicas estão sofrendo um processo de enfraquecimento e até mesmo de desmonte.
Esses problemas não serão resolvidos por meio de privatizações e terceirização de mão de obra, segundo o presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Clóvis Nascimento, e o conselheiro e diretor financeiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR), Leandro Grassmann.
Para eles, o setor público precisa priorizar o conforto do cidadão e, para alcançar esse status, é preciso adotar boas práticas no exercício da engenharia, para valorizar a atividade e contribuir para seu crescimento. Confira algumas delas, destacadas pelos especialistas no sexto programa da Websérie Crea-PR , que teve como tema a engenharia no setor público:
Novos valores
A visão negativa vinculada às empresas públicas, que consolida a ideia de que o setor é caro, deficitário e até mesmo um cabide de emprego, precisa ser revertida para que o setor possa crescer. Para que isso possa ser colocado em prática, é necessária a aplicação de princípios éticos e morais na gestão dos empreendimentos.
“A boa governança, aplicada de acordo com princípios éticos e morais, evita que maiores problemas aconteçam. A política de recursos humanos tem que ser algo importante dentro de uma empresa. É preciso pensar no desenvolvimento da equipe, realizar treinamentos para adequar o pessoal permanentemente”, aponta Nascimento.
Transparência
Procedimentos claros e explicitados auxiliam a percepção da população acerca do que está sendo concretizado pelas empresas, ou seja, para onde está sendo direcionado o dinheiro público. “É preciso valorizar também o que é feito de bom dentro do setor público, em vez de falar apenas dos problemas. Focando nas resoluções e no bom andamento, é possível alcançar um melhor relacionamento com a população”, afirma Grassmann.
Planejamento
Para os entrevistados, optar por planejamentos em longo prazo e realizar a revisão da Lei nº 8.666, que institui normas para licitações e contratos, também são itens essenciais para evitar atos corruptos dentro de obras. “É preciso parar de pensar apenas no orçamento e voltar a optar pela qualidade em conjunto, avaliando a competição técnica”, complementa Nascimento.
Conhecimento
Para Grassmann, também é preciso fazer a manutenção e valorização do know-how nacional, para que o conhecimento adquirido pela experiência possa ser passado aos profissionais que ingressam no mercado. “A engenharia deve ser vista como uma ferramenta de crescimento, com mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento é possível alcançar autonomia, com inovações e soluções”, complementa.
Participação
A participação social aparece conjuntamente como um ponto crucial a ser tratado em vista de um setor público melhor desenvolvido. “Hoje em dia as pessoas têm medo de discutir com o povo. Para mudar esse cenário, é fundamental ouvir e conversar com a população, ver o que eles querem que seja feito e o que precisa ser melhorado”, destaca Nascimento.
Para saber mais sobre o tema, assista ao debate sobre “Engenharia no Setor Público – As responsabilidades da gestão publica e das empresas por um Brasil livre de corrupção” que foi tema da última web série do projeto “Uma Nova Engenharia para um Novo Brasil”. Para conferir a programação completa do projeto, clique aqui. A próxima web série será realizada no dia 18 de setembro, às 16h45 com o tema “Empoderamento feminino na engenharia”.
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