As pernas de Waylon Klitzman estavam tremendo.
O garoto de 15 anos, de Evansville, Wisconsin (EUA), disse que não era “muito sociável” – e que ele particularmente não gostava de ficar na frente de grandes grupos de pessoas. A sala de leilões de uma feira local no mês passado parecia algo saído de seus pesadelos: dezenas de pessoas sentadas, todas olhando para ele.
Klitzman respirou fundo e pensou nos motivos de sua vinda. Ele estava lá para vender seu porco, Roo. Ele estava lá para doar os lucros para a “Beat Nb” (Derrotando a Nb, em tradução livre), uma organização sem fins lucrativos que trabalha para curar o neuroblastoma, a forma mais comum de câncer que atinge crianças. Ele estava lá para a sua professora favorita, Kim Katzenmeyer (ele a chama de “Miss K”), cuja sobrinha foi diagnosticada com a doença alguns dias antes de seu quarto aniversário.
Além disso, acabaria logo – ele só tinha que vender o porco uma vez, certo?
Errado.
Durante a hora seguinte, três concorrentes diferentes compraram o porco e o doaram de volta para Klitzman, que acabou levantando mais de US$ 10 mil para a luta contra o câncer.
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“Eu não tinha imaginado isso”, disse Klitzman em uma entrevista na semana passada. “Normalmente, eles só vendem uma vez! Então meu sonho ficou cada vez maior a cada vez que eles diziam: ‘Devolva’. Eu estava muito orgulhoso”.
A jornada de Klitzman e Roo até o leilão começou meses antes, quando Katzenmeyer anunciou em maio que logo deixaria de lecionar na Escola de Ensino Médio de Evansville.
Katzenmeyer amava seu trabalho e seus alunos. Ela disse que havia apenas uma coisa que poderia convencê-la a deixar sua “segunda família” em Evansville High – a sua família real. A mãe de Katzenmeyer e depois a sua sobrinha, Harlow Phillips, foram diagnosticadas com diferentes tipos de câncer, com cerca de dois anos de intervalo.
Katzenmeyer percebeu sua verdadeira vocação pouco depois do diagnóstico de Phillips: ela tinha que passar o resto da vida lutando contra a doença. Ela decidiu se juntar à Beat Nb em tempo integral como arrecadadora de fundos, tendo um corte de pagamento significativo no processo.
“Assumi o risco”, disse Katzenmeyer. “Essa decisão foi provavelmente a decisão mais difícil que eu já tive que tomar. Algumas das crianças ficaram muito chateadas, eu fiquei emocionada com isso – mas eu senti que tinha que fazer alguma coisa”.
A princípio, tudo o que Klitzman queria era trazer Katzenmeyer de volta. Ela era de longe sua professora favorita em Evansville. Ela ensinou matemática a ele. Ela tinha senso de humor. E quando ela conversava individualmente com ele, era uma conversa real.
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“Muitos dos meus professores falam comigo, mas depois eles simplesmente saem andando”, disse Klitzman. “Ela não fazia isso. Ela ficava por perto quando eu mais precisava de ajuda”.
Liderança
Um dia depois de Katzenmeyer ter anunciado sua partida, Klitzman entrou na sala e colocou US$ 52 em dinheiro nas mãos dela. Foi tudo o que tinha sobrado depois de ele ter comprado dois porcos no começo da primavera. Klitzman havia comprado os porcos como parte de seu envolvimento com uma organização nacional de jovens que ensina liderança por meio do trabalho agrícola.
Ele originalmente planejava vender os porcos para carne – e com lucro – na feira municipal em julho.
Klitzman esperava que seu dinheiro, oferecido como uma doação para o Beat Nb, fosse suficiente para induzir Katzenmeyer a ficar. Ela ficou tocada, mas não mudou de ideia.
Klitzman, no entanto, não tinha terminado. Ele perdeu uma professora, mas encontrou uma causa. “E ele só avançou”, Katzenmeyer se maravilha.
Em 27 de julho, o dia da feira, ele estava pronto para leiloar Roo, de 120 quilos, que foi cuidadosamente criado, alimentado e limpo pelo adolescente por vários meses.
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Klitzman tinha enviado cartas a várias empresas locais explicando o diagnóstico de Phillips e seu plano para levantar dinheiro. Ele perguntava se eles estariam dispostos a comprar o seu porco em leilão.
Pelo menos quatro destinatários aceitaram, e as apostas começaram com um frenesi.
Pagando por uma boa causa
Dan Drozdowicz, presidente e coproprietário da E & D Water Works, encontrou-se em uma guerra feroz com um representante da Chambers and Owen, uma empresa distribuidora atacadista. Ambos estavam dispostos a pagar muito mais do que o valor real do porco – que provavelmente custava entre 1,30 e 1,80 dólares por quilo, estimou Drozdowicz em uma entrevista – para financiar uma boa causa. Mas quando o preço passou de 5 dólares por quilo, Drozdowicz chamou o seu concorrente de lado.
E se ele comprasse o porco em nome da E & D, o doasse de volta a Klitzman e depois deixasse o homem da Chambers e Owen comprá-lo? O representante da Chambers e Owen também poderia doar o animal de volta, e “ambos ficariam bem”, disse Drozdowicz.
Seu oponente concordou, então Drozdowicz comprou e devolveu Roo e depois se afastou. O representante da Chambers e Owen prontamente comprou o porco a uma taxa de US$ 4,65 por quilo e devolveu a Klitzman, que não conseguia acreditar.
Tudo estava indo exatamente como os dois homens haviam planejado – isto é, até a Moll Construction (a empresa que emprega o pai de Klitzman) comprar o porco a um preço de 5 dólares por quilo. Ele doou o porco de volta pela terceira vez.
“Eu não tinha intenção de gastar tanto dinheiro ou de dar o porco de volta. Mas foi o que as pessoas à minha frente fizeram, e eu senti que era a coisa certa a fazer, então assim o fiz”, disse Dave Moll, coproprietário da empresa. “Eu estava feliz por fazer parte disso. Eu não tinha ideia de quantas vezes esse porco poderia ser vendido”.
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O quarto e último licitante – um grupo formado por várias entidades, incluindo um pub local e uma empresa produtora de carne suína – comprou Roo pelo preço ainda inflacionado de 2,49 dólares por quilo. Essa venda foi final e o destino de Roo foi selado. Ela logo será o jantar de alguém.
Quanto a Klitzman, ele levantou US$ 10.070,00 e se tornou uma celebridade momentânea na feira. Vários arrematantes posaram para fotos com o menino, sua mãe o parabenizou soluçando, e Katzenmeyer correu para dar um grande abraço em seu ex-aluno e dizer que ele é um ótimo menino.
“Estou explodindo, meu coração está explodindo de orgulho por ele”, disse Katzenmeyer. “Ele não sabe o impacto que está tendo, e eu não acho que qualquer garoto de 15 anos de idade saberia neste momento. Um dia ele vai entender”.
Por enquanto, no entanto, Klitzman está focado em seu próximo plano de captação de recursos.
Ele recentemente plantou três acres de abóboras. Ele planeja vendê-las no baile escolar no outono e doar tudo o que ganhar para a Beat Nb.
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