Quem percorre os cerca de quatro quilômetros da Rua Saldanha Marinho não tem dúvidas de que o endereço é uma via de muitas faces. Do ponto inicial, no setor histórico da capital, ao final, quando encontra a Rua Major Heitor Guimarães, o endereço corta áreas marcadas pela insegurança, mas também regiões badaladas, como a da Praça da Espanha, um dos pontos mais valorizados da cidade.
GALERIA: Confira as imagens da Rua Saldanha Marinho
Insegurança prejudica o desenvolvimento da Saldanha
A falta de segurança é um dos principais problemas relatados pelos comerciantes e moradores da Saldanha Marinho. Proprietário de um restaurante na rua desde 2006, Khalil El Omairi conta que antes as pessoas não frequentavam a Saldanha com medo dos assaltos, cenário que, aos poucos, está mudando. “De 2012 para cá mudou uns 40%, há outros 60% para me
Leia a matéria completaUma das áreas mais conhecidas da Saldanha encontra-se logo nas primeiras quadras da rua, atrás da Catedral. O estigma de ponto de venda de drogas vem perdendo espaço, aos poucos, para o charme de via antiga que mescla de comércios e serviços variados a imóveis antigos, cujas fachadas contam a história de uma Curitiba de outros tempos.
A arquiteta e urbanista Camila Muzzillo, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), lembra que esta má fama é antiga e remonta à época em que uma funerária e um açougue funcionavam no endereço, o que afastava as pessoas da região. “Este trecho mantém até hoje a presença dos casarios mais antigos [de arquitetura eclética] e tem uma escala interessante. As construções seguem o alinhamento predial e não têm muros, com as portas abrindo diretamente para rua, o que dá uma sensação de aconchego”, acrescenta.
Outra Saldanha
Afastando-se do Centro e chegando à região do Bigorrilho, o cenário da Saldanha Marinho se transforma, resultado da expansão da cidade e do crescimento da população desta área, principalmente a partir dos anos 1950, como conta Maria Luiza Gonçalves Baracho, historiadora da Diretoria do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Fundação Cultural de Curitiba (FCC).
Homem público
Nascido em Olinda (PE) em 1816, Joaquim Saldanha Marinho formou-se em Direito aos 20 anos de idade. Foi promotor público nas cidades de Icó e Fortaleza, no Ceará, onde também exerceu atividade como professor.
Com temperamento enérgico, atuou como figura pública tendo assumido diferentes cargos, entre eles o de deputado geral pelos estados de Pernambuco, Ceará, Amazonas e São Paulo, do qual também foi senador. Figura de destaque na maçonaria brasileira, participou da elaboração da Constituição brasileira de 1891. Joaquim Saldanha Marinho faleceu em 27 de maio de 1895, cinco anos após ter seu nome homenageado pelo endereço curitibano.
A maior presença de prédios – permitida pelo zoneamento ZR-4 – e a proximidade com a Praça da Espanha, recentemente revitalizada, contribuem para fazer deste um dos bairros mais caros de Curitiba. O metro quadrado privativo dos apartamentos novos era comercializado a R$ 7,9 mil em maio, contra os R$ 6,3 mil da média da cidade no mesmo mês, de acordo com dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
Um pouco mais adiante, entre as ruas Francisco Rocha e Jerônimo Durski, também é possível identificar a presença de clínicas médicas e outros estabelecimentos. Segundo Camila, isso decorre da criação da chamada Zona Residencial Batel, na última revisão do zoneamento de Curitiba, no ano 2000, que permitiu aos imóveis construídos receberem outros usos que não apenas o residencial.
Seguindo em direção ao oeste da cidade, já na altura do bairro Campina do Siqueira, a via assume de vez o seu lado residencial com uma sucessão de casas térreas e sobrados que, somados à calmaria do trânsito, transformam a Saldanha Marinho em uma verdadeira “rua de bairro”.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”