Item indispensável para o desenvolvimento do mercado imobiliário, a oferta de terrenos segue em alta em Curitiba. No último ano, o número de lotes disponíveis para venda cresceu 8,5% e somou 3,8 mil unidades, tendo abril como mês de referência.
Voltando um pouco mais no calendário, o aumento foi ainda mais significativo e chegou a casa dos 25,6% no comparativo com o igual mês de 2014, quando 3 mil imóveis estavam à venda, de acordo com os dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), ligado ao Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR).
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A dificuldade financeira das famílias, em decorrência da crise econômica, superou a desaceleração do mercado imobiliário e, hoje, é apontada como um dos principais estímulos ao avanço da oferta.
“A necessidade de fazer dinheiro, seja das empresas ou de quem perdeu o emprego, faz com que quem tem terreno coloque-o para vender. Temos, inclusive, exemplos de clientes que compraram lotes com projeto de construir e mudaram os planos, colocando a área novamente para venda”, ilustra Maurício Ribas Moritz, presidente do Inpespar e vice-presidente de Economia e Estatística do Secovi-PR.
Por bairros
A oferta de áreas na região central da cidade tem se tornado uma raridade. Em bairros mais afastados, por sua vez, a disponibilidade de terrenos à venda representa uma maior possibilidade de escolha aos compradores.
Regiões como Santa Felicidade, Campo Comprido, Boqueirão e Uberaba respondem, somados, a 23,8% da oferta total cidade. Maurício Ribas Moritz, presidente do Inpespar, diz que isto se deve às características destas localidades, tidas como “cinturões verdes” no antigo Plano Diretor da cidade, o que fez com que apresentem áreas remanescentes para a expansão imobiliária.
Augusta Coutinho Loch, diretora da Senzala Imóveis, acrescenta que os custos fixos para manter o imóvel parado, como o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), é outro fator que pesa na decisão pela venda, assim como o objetivo de algumas famílias de se desfazer do bem para deixar o país. “É difícil de se conseguir ter rendimento com terreno, a não ser nos casos em que o proprietário o aluga para estacionamento”, completa.
Demanda
A demanda pelos terrenos à venda varia de acordo com cada segmento, mas, de forma geral, não tem conseguido acompanhar no mesmo ritmo a evolução da oferta.
Augusta conta que, por parte das incorporadoras, a procura por áreas diminui bastante, principalmente em função do estoque de que algumas empresas dispõem. “A procura por grandes áreas caiu, mas os incorporadores regionais continuam prospectando terrenos [menores]”, complementa Daniel Galeano, diretor da Apolar Imóveis.
No segmento comercial, a busca também continua fluindo, mas, nestes casos, as empresas costumam adquirir imóveis já construídos e demoli-los para aproveitar o terreno, como explica Moritz.
Já o comprador individual, que adquire o terreno com o objetivo de construir a residência, tem preferido os condomínios fechados aos lotes de rua. “O valor do metro quadrado do terreno de rua pode cair em relação ao do condomínio, mas o custo da construção é o mesmo, então as pessoas os preferem por motivos de segurança”, explica Galeano.
Perfil
Outro fator que interfere na relação entre a oferta e a demanda refere-se ao perfil dos imóveis à venda, que nem sempre se encaixa às características que os compradores procuram, como localização e potencial construtivo da área, como lembra Moritz.
Preço dos terrenos está estável na capital
O cenário de estabilidade do mercado imobiliário reflete-se, também, na evolução do preço dos terrenos em Curitiba. Entre abril de 2015 e o mesmo mês de 2016, o valor médio do metro quadrado ofertado foi reajustado em 1,6%, chegando aos R$ 1,08 mil.
“Os terrenos estão bem valorizados, eles vieram de um crescimento bastante grande nos anos anteriores em função da demanda de incorporação que houve, o que faz com que estejam estabilizados em um patamar bom, superior ao do passado”, avalia Maurício Ribas Moritz, presidente do Inpespar e vice-presidente de Economia e Estatística do Secovi-PR.
Ele acrescenta, ainda, que não é possível generalizar os preços, uma vez que terrenos localizados na mesma rua podem ter valores diferentes de acordo com o seu posicionamento e potencial de construção. “O terreno vale entre 15% e 20% do que se pode construir em cima dele”, explica.
Negociação
A estabilidade no preço, aliada ao crescimento da oferta, faz com que este seja um bom momento para quem está planejando adquirir uma área, uma vez que os proprietários estão mais abertos às negociações.
Augusta Coutinho Loch, diretora da Senzala Imóveis, conta que em alguns casos elas respondem a uma redução de 10% a 20% sobre o preço anunciado. “Temos um terreno no Jardim Social cujo valor pedido passou de R$ 1,4 milhões para R$ 1,26 milhões, por exemplo”, ilustra.
O diretor da Apolar Imóveis, Daniel Galeano, lembra, ainda, que boa parte das negociações (quase 90%) são baseadas na permuta da área por unidades que serão construídas no local ou por outros imóveis prontos.
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