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Na primeira metade de 2008 registrou-se o semestre mais frio dos últimos cinco anos, afirmou nesta quarta-feira (20) a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O ano como um todo deve ser mais frio que os anteriores imediatos, apesar de as temperaturas continuarem acima da média histórica.

As temperaturas mundiais variam anualmente segundo ciclos naturais. São influenciadas, por exemplo, por mudanças nas correntes oceânicas, e sua eventual queda não contraria o fato de que os seres humanos, com as emissões de gases do efeito estufa, estão provocando um aquecimento global, afirmam cientistas da área.

As condições meteorológicas mais amenas deste ano devem-se em parte a um fenômeno climático chamado La Niña, que ocorre periodicamente depois de um fenômeno de aquecimento chamado El Niño.

"Há uma grande probabilidade de este ano ser mais frio do que os cinco anos anteriores", afirmou Omar Baddour, responsável pela coleta e monitoramento de dados junto à OMM.

"O La Nina, com certeza, desempenhará um papel. Mas não sabemos ainda em que proporção."

"Até julho de 2008, este ano tem sido mais frio que os cinco anos anteriores ao menos. Mas ainda assim parece estar mais quente do que a média", acrescentou Baddour.

A média da temperatura global até o final de julho ficou 0,28 grau Celsius acima da média registrada entre 1961 e 1990, afirmou na quarta-feira o Centro Hadley para pesquisa sobre as mudanças climáticas, órgão ligado à Agência de Meteorologia do governo britânico. Isso faria da primeira metade de 2008 a mais amena desde 2000.

"Claro que, no começo do ano, houve o La Niña, e isso teria atuado para diminuir as temperaturas em alguma medida", disse John Hammond, meteorologista da agência britânica.

"Porém, na verdade, o La Niña vem mostrando sinais de estar ingressando em um estado neutro."

O enfraquecimento do efeito La Niña nos últimos meses poderia fazer com que a média das temperaturas globais se elevasse novamente na segunda metade do ano, acrescentou.

Segundo a OMM, a década concluída em 2007 foi a mais quente desde que dados confiáveis começaram a ser registrados, por volta de 1850. As temperaturas mundiais encontram-se atualmente 0,74 grau Celsius acima do patamar registrado um século atrás.

O Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), um grupo de centenas de cientistas formado dentro da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou no ano passado que o aquecimento global era um fenômeno "indiscutível" e que os gases do efeito estufa decorrentes de atividades humanas eram, muito provavelmente, parte do problema.

A OMM lança em dezembro seus dados finais sobre as temperaturas da Terra em 2008.

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