O mundo ainda pode chegar a um acordo robusto sobre o clima em dezembro, na reunião de Copenhague, e perderá uma oportunidade rara com o adiamento de conversações para 2010, disse nesta quarta-feira o alto funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) encarregado da questão climática, Yvo de Boer.
Nos Estados Unidos, um comitê do Senado continua com as audiências sobre um projeto que prevê o corte das emissões de gases do efeito estufa. Mas reduziram-se as esperanças de que alguma lei norte-americana seja colocada em prática nos EUA antes das negociações envolvendo 190 países, de 7 a 18 de dezembro, na Dinamarca.
"O tempo está terminando", disse Yvo de Boer, chefe do Secretariado de Mudança Climática, da ONU, em entrevista à imprensa por telefone.
As conversações da ONU foram lançadas em 2007 e a última rodada antes da reunião de Copenhague será realizada em Barcelona, na Espanha, na semana que vem.
Yvo de Boer rejeitou insinuações de que as grandes decisões poderão ser adiadas para 2010 e afirmou que Copenhague é "uma rara janela de oportunidade" para um acordo que inclua cortes profundos em emissões de gases do efeito estufa por parte de nações ricas.
Ele disse que apenas os detalhes deveriam ser deixados para 2010.
"Acredito que Copenhague pode e deve definir as essências políticas" para uma resposta de longo prazo sobre o aquecimento global, disse ele.
"O que tem de ficar totalmente claro é que nós não temos um outro ano à nossa disposição para nos reunirmos antes do México", onde as próximas conversações anuais da ONU serão realizadas, depois de Copenhague.
Nações ricas e pobres estão estancadas na questão de como partilhar a carga da contenção das emissões e na ajuda para custear um acordo. Alguns países dizem ser provável que haja mais negociações duras em 2010 se a cúpula de Copenhague terminar somente com um acordo político de cumprimento não obrigatório.Em Xangai, na China, o enviado especial dos EUA para mudanças climáticas, Todd Stern, disse que seu país não espera chegar a um acordo com a China na questão do aquecimento global quando o presidente norte-americano, Barack Obama, visitar Pequim, no mês que vem.
Um acordo entre a China e os EUA - os maiores emissores, respondendo por cerca de 40 por cento dos gases do efeito estufa - poderia ajudar a destravar um acordo em Copenhague.
"Copenhague pode ser um sucesso", disse ele. "Há um acordo a ser feito, mas isso não significa que possamos consegui-lo."
Países em desenvolvimento, liderados pela China e Índia, querem que as nações ricas cortem até 2020 suas emissões para pelo menos 40 por cento a menos do que os níveis de 1990 --muito mais do que as reduções analisadas pelo Senado norte-americano-- para evitar o agravamento das secas, inundações, incêndios florestais e elevação dos mares.
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