Encurralado no cenário eleitoral, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, minimizou as pesquisas ruins para sua candidatura a um novo mandato e, a três dias do primeiro turno, fez um discurso desafiador, ameaçando dar uma "lição" na oposição de esquerda. Todas as pesquisas indicam um amplo favoritismo do socialista François Hollande no segundo turno da eleição, em 6 de maio. O penúltimo comício do presidente conservador antes do primeiro turno aconteceu em subúrbio sofisticado de Paris. Num discurso que alternou gritos e sussurros, Sarkozy prometeu reduzir a imigração pela metade, reformar os benefícios para desempregados e pressionar a União Europeia a impor condições mais duras no comércio com nações emergentes. Mas o principal alvo do discurso foi a "esquerda-caviar" parisiense, que teria, junto à imprensa, decidido de antemão o resultado da eleição, sem esperar a voz das urnas. "(A eleição) vai ensinar a toda essa gente uma lição que nunca ninguém ensinou antes", disse ele a cerca de 500 simpatizantes, sem especificar se a "lição" seria a sua vitória eleitoral, ou apenas um resultado melhor do que preveem as pesquisas. "São nove contra um", disse ele sobre o primeiro turno, com dez candidatos. "Mas o povo da França recusa que lhe diga o que fazer." Sarkozy chega à eleição com aprovação popular de 33 por cento, menor índice já registrado por um presidente tentando a reeleição na França. Uma pesquisa do instituto BVA nesta semana apontou Hollande com 29,5 por cento das intenções de voto no primeiro turno, 2 pontos percentuais à frente de Sarkozy. Para o segundo turno, porém, o socialista lidera com folga: 56 x 44 por cento. Entre os partidários de Sarkozy, o clima na reta final da campanha é um misto de esperança cautelosa, combatividade e tom desafiador contra a imprensa. "Vocês, jornalistas, deveriam estar sentados atrás; vocês não merecem estar na frente", gritou uma idosa a jornalistas no comício em Saint-Maurice, pitoresco subúrbio com 15 mil habitantes e um prefeito de centro-direita.
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