Fronteiras
Para médicos, chance de doença atingir o Brasil é remota
Depois de constatados dois casos de infecção por E.coli nos EUA, cresce a preocupação de que o surto infeccioso se alastre pelo mundo.
Marcos Boulos, professor de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor-clínico do Hospital das Clínicas, diz acreditar que a doença não tem grandes possibilidades de atingir o Brasil.
"Se alguém com suspeita da doença chegar da Europa (com diarreia, por exemplo), deve se tratar imediatamente procurando um profissional de saúde", afirma o médico.
Já se uma pessoa tem viagem marcada para a Alemanha ou Espanha neste momento, deve evitar a ingestão de alimentos crus, diz ele.
A assessoria da TAM informou que mantém o procedimento padrão de higiene nos voos. A tripulação é orientada a lavar com frequência as mãos antes do contato com passageiros e alimentos.
A empresa diz não ter recebido orientação específica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a respeito do surto de E. coli. A Anvisa afirma que está monitorando o problema e que, por ora, não tomará nenhuma medida adicional. (Folhapress)
O centro de controle de doenças da Alemanha registrou 365 novos casos de contaminação por Escherichia coli (E.coli) ontem, enquanto as autoridades lutam para desvendar a origem do surto de uma perigosa variante da bactéria.
A E.coli é encontrada em grandes quantidades no sistema digestivo de humanos, vacas e outros mamíferos. Ela se propaga principalmente pela comida, pela água contaminada ou pelo contato com animais doentes e foi responsável por muitos casos de contaminação alimentar, mas, na maioria deles, causa dores estomacais não letais.
Os sintomas típicos da infecção pela bactéria são febre moderada e vômito. Em alguns casos, há diarreia com sangue nas fezes. A maioria dos pacientes se recupera em cerca de sete dias. Um quarto dos novos casos na Alemanha envolve, contudo, pacientes com Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU), séria complicação causada por uma toxina produzida por uma variedade da E.coli.
A toxina destrói as hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal. Nos casos mais severos, a síndrome provoca convulsões e problemas graves no sistema nervoso.
Até a quarta-feira, segundo o Instituto Robert Koch, agência nacional de saúde alemã, 470 pessoas sofriam da síndrome. Na véspera, eram 373 casos. A Alemanha tem, em média, 50 a 60 casos de SHU por ano. Dessas, quase cem pessoas sofrem sintomas graves e potencialmente fatais da doença.
OMS
Desde o começo de maio, 1.064 casos de contaminação por E.coli foram registrados na Alemanha. A OMS (Organização Mundial de Saúde) disse que casos da doença foram registrados ainda na Áustria, Holanda, Dinamarca, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Apenas dois casos, contudo, são de pessoas que não estiveram no norte da Alemanha recentemente. Essa perigosa variante da E.coli foi responsável ainda pela morte de 16 pessoas na Alemanha e de uma na Suécia.
A ministra de Agricultura Ilse Aigner disse que os cientistas estão trabalhando sem folga para encontrar a fonte da doença, que teria se espalhado pelo continente em vegetais crus. "Centenas de testes foram feitos e as agências responsáveis determinaram que a maioria dos doentes comeram tomates, pepinos e alface e são do norte da Alemanha", disse Aigner. "Os Estados que conduziram testes precisam agora seguir o caminho [dos vegetais] para descobrir como os pepinos, tomates e alface chegaram aqui."
A chamada crise do pepino resultou em uma crise diplomática para a Alemanha, acusada pela Espanha de se precipitar ao dizer que os pepinos espanhóis seriam a fonte primária da bactéria.
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