Pelo menos seis das 121 pessoas que morreram na queda de um avião comercial de Chipre no domingo estavam vivas quando o avião se chocou contra o solo, disse nesta segunda-feira o chefe das investigações.
- Até agora fizemos autópsia em seis corpos e os primeiros indícios são que quando se deu a colisão eles tinham circulação sanguínea no coração e nos pulmões - afirmou Philippos Koutsaftis. - Isso não significa que eles estavam conscientes, mas que tinham circulação e respiravam - acrescentou.
O Boeing 737 da Helios Airways, que seguia de Larnaca a Praga, chocou-se contra uma região montanhosa nos arredores de Atenas, matando todos os 115 passeiros e os seis tripulantes. Inicialmente, chegou-se a suspeitar que os ocupantes poderiam estar mortos antes da colisão, após terem ficado congelados por causa de pane trágica na pressurização da cabine ou de um problema no fornecimento de oxigênio a 35 mil pés (quase 10 quilômetros) de altura.
Uma fonte do Ministério da Defesa grego disse nesta segunda-feira que a maior parte dos ocupantes resgatados estava congelada.
- Os corpos estavam congelados, incluindo alguns cuja pele estava queimada pelas chamas provocadas pela queda - disse a fonte, que tem acesso à investigação.
As equipes de resgate encontraram o corpo do piloto e disseram ter encontrado também as caixas pretas do avião, incluindo a que gravou as conversas dos pilotos, fato crucial para determinar a causa do pior desastre aéreo na Grécia e o pior envolvendo uma companhia aérea cipriota.
RECUSA DE EMBARQUE - O piloto alemão e uma família de armênios eram os únicos que não eram gregos ou cipriotas entre os 121 mortos no acidente. Havia 12 gregos entre os mortos. O restante era de cipriotas, segundo a lista de passageiros.
No aeroporto de Larnaca, em Chipre, de onde o avião decolou no domingo, tripulantes e passageiros se recusavam a embarcar na segunda-feira em um avião pertencente à Helios Airways, informou a agência de notícias estatal de Chipre.
Cerca de 100 passageiros que deviam viajar de Larnaca a Sofia exigiram embarcar em aviões de outras companhias aéreas.
- Primeiro a tripulação recusou-se a embarcar, depois os passageiros - disse a agência.
A polícia cipriota fez nesta segunda-feira buscas nos escritórios da Helios Airways.
- Depois das alegações trazidas pelo Ministério das Comunicações e Trabalho e pelo delegado de polícia, a procuradoria-geral emitiu ordens de buscas nos escritórios centrais da Helios para coletar documentos e outras provas que podem ser úteis em uma possível investigação criminal - disse o porta-voz Marios Karoyan.
O ministro cipriota das Comunicações e Trabalho, Haris Thrasou, também supervisiona a área de transporte, incluindo a aviação civil.
O procurador-geral Petros Clerides disse,, que as buscas estão sendo feitas:
- As ordens de buscas foram executadas.
A Helios, primeira empresa aérea privada do Chipre, foi fundada em 1999, voa principalmente nas férias para Atenas, ilhas gregas, Dublin, Sófia, Varsóvia, Praga, Estrasburgo e diversas aeroportos britânicos com um Boeing 737. O Libra Holidays Group, a maior operadora de turismo da Grã-Bretanha, comprou a Helios em novembro de 2004.
A ilha mediterrânea de Chipre decretou três dias de luto, com bandeiras a meio mastro.
DÚVIDAS NO AR - O acidente de domingo deixou perplexos especialistas em aviação, atônitos com o que pareceu uma pane trágica da pressurização na cabine ou de fornecimento de oxigênio a 35 mil pés, a quase 10 quilômetros de altura, mais alto que o Monte Everest.
Muitas perguntas permanecem sem resposta, incluindo como o avião pareceu voar por quase uma hora com o piloto e co-piloto já inconscientes ou mortos. A imprensa especulou que o avião pode ter ficado em piloto automático antes de se aproximar do aeroporto de Atenas.
O ministro do Transporte cipriota, Haris Thrassou, negou algumas informações da imprensa de que houvesse 48 crianças entre os mortos.
- Havia entre 15 e 20 jovens menores de 20 anos a bordo do avião que caiu - disse o ministro, acrescentando que todos estavam viajando com suas famílias.
O avião fazia um vôo de Larnaca a Praga com escala em Atenas quando caiu, a 40 quilômetros ao norte da capital grega.