O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu nesta terça-feira uma saída negociada para o impasse entre Irã e Ocidente por conta do programa nuclear do país e criticou a pressão de potências mundiais por novas sanções à República Islâmica.

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"Ainda há possibilidade de diálogo", disse o ministro a jornalistas em Brasília, acrescentando que, até a manhã desta terça não tinha informações de que novas sanções estivessem sendo discutidas no Conselho de Segurança da ONU.

"Não queremos que o Irã tenha armas nucleares, não tenha dúvida disso. Eles têm o direito de um programa pacífico como os outros países", defendeu.

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"O que queremos é que cheguemos a essa certeza (de que o Irã não terá armas nucleares) por meios pacíficos e de diálogo", acrescentou.

Questionado se a posição brasileira de defender o diálogo com o Irã pode prejudicar as aspirações do país de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança, já que países que têm vaga cativa no órgão como Estados Unidos e França defendem sanções, o ministro respondeu: "Se eu fosse condicionar as posições do Brasil em função de ambições, não dava um passo. Porque tudo que você faz descontenta alguém", disse.

"Acho que os países que estão só dizendo amém não estão contribuindo para uma evolução", afirmou.

Ao comentar a pressão por novas sanções contra o Irã, Amorim lembrou da época em que foi embaixador brasileiro na ONU e a entidade impôs sanções ao Iraque, então governado por Saddam Hussein.

"No processo que aconteceu com o Iraque, eu vi muito sofrimento do povo iraquiano. A mortalidade infantil no Iraque aumentou enormemente e vi que isso (as sanções) não teve nenhum efeito na realidade com Saddam Hussein", disse Amorim, ressaltando que não está "comparando ninguém com ninguém".

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O Brasil ocupa atualmente uma das 10 vagas rotativas no Conselho de Segurança da ONU. EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e China são integrantes permanentes do órgão e possuem poder de veto sobre as decisões do colegiado.

Potências ocidentais acusam o Irã de buscar a produção de armas nucleares sob o disfarce de um programa nuclear civil. A República Islâmica, por sua vez, nega que seu programa nuclear tenha fins militares.

Nesta terça, o Irã anunciou que iniciou a produção de urânio enriquecido em 20 por cento para alimentar um reator de pesquisas médicas em Teerã. Para o uso em bombas, é preciso enriquecer o material em 80 por cento.