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Japão

Apesar do temor, decasséguis resistem

O agente de turismo Kleber Aryoshi e o decasségui Israel Silva apostam em oportunidades no Japão | Fábio Dias/Gazeta Maringá
O agente de turismo Kleber Aryoshi e o decasségui Israel Silva apostam em oportunidades no Japão (Foto: Fábio Dias/Gazeta Maringá)

Pouco mais de uma semana após o terremoto e o tsunami que de­­vastaram a costa nordeste japonesa, a maior parte dos decasséguis, brasileiros que moram no país, permanece no Oriente, à espera de um período de recuperação. A decisão de ficar é tomada mesmo diante do medo de novos tremores e da radiação nuclear emitida pela Usina de Fukushima Daiichi.

A permanência se explica, em grande parte, porque muitos decasséguis – cerca de 85% do to­­­­tal, conforme estimativa da As­­sociação Brasileira de Dekas­­seguis (ABD) – vivem fora da área afetada pela catástrofe.

O presidente da ABD, Kiy­­oharu Miike, conta que os brasileiros que estão no Japão se adaptaram ao país e pensam muito antes de deixar o que conquistaram. "Se não ocorrer mais nada de grave, acho difícil haver um grande êxodo. Mas, podemos dizer que, no Japão, o futuro é o dia seguinte. O país vive uma situação que ainda não está encerrada".

A ABD, com sede em Curitiba, estima que cerca de 255 mil decasséguis estejam no Japão e que, destes, pelo menos 30 mil sejam paranaenses.

Retorno

O consultor do Sebrae e coordenador do projeto "Dekassegui Em­­pre­­endedor", Marcos Auré­­lio Gonçalves, confirma que o número de brasileiros que retornaram do Japão nos últimos dias ainda não é significativo. "No ano passado, tivemos uma média mensal de 900 pessoas voltando ao Brasil. Houve um pequeno incremento neste mês, diante de toda a situação. Mas não acredito que ocorra um fluxo como em 2009, quando tivemos o pico de 12 mil brasileiros deixando o Japão em um único mês, por conta da crise econômica", lembra Gonçalves.

O consultor reconhece, po­­rém, que a preocupação aumentou dentro da comunidade. "À medida que crescem os riscos do acidente nuclear, cada vez mais brasileiros ficam apreensivos e pensam na possibilidade de voltar", diz Gonçalves, que mantém contato diário com vários trabalhadores que estão no Japão.

Outro fator que colaborou para aumentar o medo foi o tremor de nível 6 na escala Richter, registrado terça-feira (15), na região de Shizuoka (a 120 quilômetros de Tóquio), onde residem vários brasileiros.

Insistência

Entre os imigrantes que não planejam retornar ao Brasil está Fernando Saito, de 39 anos , que vive em Izumo na província de Shimane, região ao sul do Japão e que não foi afetada pelo terremoto e pelo tsunami. Ele informou que a situação no local segue praticamente normal, a não ser pela possibilidade de racionamento de energia elétrica e pela falta de água e de alguns alimentos nos supermercados.

Depois da tragédia, os irmãos de Saito que vivem no Brasil pediram para que ele deixasse o país. "Eles ficaram preocupados, mas não adianta entrar em desespero. Além disso, voltar ao Brasil e fazer o quê? Enquanto não tiver na­­da definido por aqui, voltar não faz parte do meu pensamento", afirma o decasségui, que é de Terra Boa, a 75 quilômetros de Ma­­ringá, e está no Japão há três anos.

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