ONU condena violência usada contra manifestantes no Cairo
Em carta-renúncia enviada ao presidente interino, Adly Mansour, ElBaradei disse que "os beneficiários do que aconteceu hoje são aqueles que pedem por violência, terrorismo e os grupos mais extremistas"
Jornalista egípcia e cinegrafista inglês morrem em conflitos do Cairo
Uma jornalista egípcia e um veterano cinegrafista do canal de TV britânico Sky News morreram nesta quarta-feira (14) ao serem feridos por tiros nos arredores dos acampamentos dos islamitas no Cairo, durante a violenta operação policial para esvaziar as praças.
Governo egípcio decreta estado de emergência por um mês
O governo egípcio decretou nesta quarta-feira o estado de emergência em todo o país durante um mês a partir das 16h locais (11h de Brasília), após os conflitos das últimas horas em várias províncias.
O vice-presidente interino do Egito, Mohamed ElBaradei, renunciou ao cargo nesta quarta-feira (14) depois de forças de segurança do país dispersarem com violência os acampamentos montados por partidários do presidente deposto Mohamed Mursi. Até agora, duzentas pessoas morreram na ação policial.
Em carta-renúncia enviada ao presidente interino, Adly Mansour, ElBaradei disse que "os beneficiários do que aconteceu hoje são aqueles que pedem por violência, terrorismo e os grupos mais extremistas".
Veja mais fotos do dia de violência no Egito
"Como você sabe, eu acreditava que havia maneiras pacíficas de encerrar este confronto na sociedade, havia soluções propostas e aceitáveis... que nos levariam ao consenso nacional", escreveu.
"Ficou difícil para mim continuar a ter responsabilidade por decisões com as quais eu não concordo e cujas consequências eu temo. Não posso carregar a responsabilidade por um derramamento de sangue."
Também houve mortos e feridos nas províncias de Beheira el Daqahiliya, em Suez, Luxor e Alexandria, entre outras.
Os distúrbios se estenderam por diversas partes do país depois que a polícia iniciou na manhã de hoje uma operação para desmantelar os acampamentos dos seguidores de Mursi nas praças de Rabea al Adauiya e de Al-Nahda, no Cairo.
Em Miniya, várias igrejas foram atacadas durante os distúrbios. Autoridades e islamitas se acusam mutuamente sobre os atos de violência neste local.
Devido à violência no país, a presidência egípcia decretou estado de Emergência em todo o país durante um mês a partir das 16 horas locais (11h de Brasília).
Militares apertam controle
A ação para acabar com os acampamentos parece frustrar as esperanças restantes de trazer a Irmandade Muçulmana, o grupo de Mursi, de volta ao palco político central e destacou a impressão compartilhada por muitos egípcios de que os militares apertaram o controle.
A operação também sugere que o Exército perdeu a paciência com os persistentes protestos que imobilizavam partes da capital e retardavam o processo político.
Tudo começou logo após o amanhecer, com helicópteros sobrevoando os acampamentos. Tiros foram disparados enquanto os manifestantes, entre eles mulheres e crianças, fugiam de Rabaa, e a fumaça subiu sobre o local. Veículos blindados avançaram ao lado de tratores que começaram a derrubar as tendas.
O governo emitiu um comunicado dizendo que as forças de segurança mostraram o "maior grau de autocontenção", refletido em poucas baixas diante do número de pessoas "e do volume de armas e violência dirigidos contra as forças de segurança".
O governo, que prevê novas eleições em cerca de seis meses para devolver o regime democrático ao Egito, instou os manifestantes a não resistir às autoridades, acrescentando que os líderes da Irmandade Muçulmana devem parar de incitar a violência.
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