Chicago - Após uma eleição histórica, o futuro não parece nem um pouco simpático ao democrata Barack Obama, o novo presidente eleito dos Estados Unidos. Em 75 dias, ele assumirá um país repleto de desafios. A economia, que o ajudou a vencer as eleições, é agora sua maior adversária. No plano internacional, ele herda duas guerras em andamento Afeganistão e Iraque. Terá ainda que driblar seu próprio fenômeno eleitoral com tanta expectativa projetada sobre ele, as decepções podem ser inevitáveis.
Na terça-feira, quando votaram, 63% dos eleitores americanos disseram que a economia era sua maior preocupação. A taxa de desemprego já chega a 6,1% e a expectativa é de que atinja 7,5%. O déficit orçamentário deixado pelo governo Bush neste ano é de US$ 455 bilhões. O setor bancário continua fortemente dependente do Estado para permanecer operando. A confiança do consumidor caiu ao menor nível em 41 anos, segundo o Conference Board, instituto que mede o índice de Confiança do Consumidor nos EUA. Todos os indicadores econômicos apontam para uma só direção: a recessão.
Ontem mesmo, Obama apontou os líderes de sua equipe de transição, que está sendo assessorada pelo ex-secretário-geral da Casa Branca no governo Clinton Leon Panetta. Ouvido pelo jornal The New York Times, Panetta foi claro: Obama precisa "abraçar o caos". "Tome as decisões que envolvem dor e sacrifício antes", foi o seu conselho ao novo presidente. A maioria delas envolverá a economia.
Para tanto, a equipe econômica já está sendo organizada pelo também ex-secretário-geral da Casa Branca no governo Clinton, John Podesta. Segundo o site Politico, Larry Summer, ex-secretário do Tesouro e ex-reitor de Harvard, pode voltar a assumir o cargo no Tesouro. A CNN indicava que a escolha estava entre o homem mais rico do mundo, Warren Buffet, e o presidente do Banco Central de Nova Iorque, Timothy Geithner.
Momento crítico
Olhando para a história, muitos julgam o atual momento norte-americano tão difícil quanto o da época em que os presidentes Franklin Delano Roosevelt (FDR, 193345) e Abraham Lincoln (186165) assumiram, após a Depressão de 30 e durante a guerra civil, respectivamente.
Para a colunista de economia da revista Atlantic, Megan McArdle, há, no entanto, uma diferença importante entre os momentos de Obama e FDR. Este chegou ao poder após o presidente anterior, Herbert Hoover, já ter tentado algumas medidas para conter a crise financeira e falhado. Obama chega à Casa Branca num cenário ainda nebuloso quanto à crise que se desenrola. "Se a crise é tão séria como algumas pessoas receiam, Obama não terá nenhuma arma mágica para se defender. O melhor que ele pode esperar é um processo de tentativas e erros que tenha algum sucesso. Para o eleitorado, isso parecerá como agir de maneira espalhafatosa enquanto Roma arde. Agora, o pior pode não acontecer, e mesmo que aconteça, Bush, e não Obama, pode levar a culpa. Mas Obama não está em uma posição tão forte como FDR estava em 1932", escreveu ela, ontem.
À parte os problemas domésticos, o cenário também não parece bom no exterior. Os EUA estão metidos em duas guerras no momento Iraque e Afeganistão, que já duram cinco e sete anos, respectivamente. O mundo que Bush deixa ainda é bem diferente daquele que herdou em 2000, quando o "fim da história" a tese de Francis Fukuyama sobre o triunfo do capitalismo e da democracia ainda fazia algum sentido. Diante de Obama, há um Irã em busca de bombas nucleares, um Paquistão desestabilizado, uma Rússia destemida e uma China cada vez mais poderosa.
Nos EUA, segundo a Constituição, o presidente também acumula o cargo de comandante-em-chefe, e portanto mudanças no Departamento de Defesa são aguardadas. Mas quem sabe não no cargo mais importante. O jornal Washington Post relatava ontem que os assessores de Obama estão debatendo se pedem ou não para o Secretário de Defesa, Robert Gates, continuar no cargo. Segundo o jornal, eles discutem o que permitiria da forma mais rápida possível uma retirada do Iraque. Obama já anunciou que pretende reforçar os esforços no Afeganistão.
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