Três equipes de arqueólogos exumaram desde a última semana restos de pessoas - inclusive uma grávida - sacrificadas em antigos rituais no Peru.
Giuseppe Orefici, diretor do Centro Italiano de Pesquisa Pré-Colombiana, encontrou dois corpos, tecidos e cerâmicas no sítio de Cahuachi, parte da civilização nazca, que floresceu no Peru entre os anos 300 e 800, e que deixou gigantescas linhas traçadas no deserto do sul peruano, que são melhor vistas do alto.
"Um sacrifício humano é muito importante", disse Orefici, que há décadas trabalha no local. "Sacrifícios humanos aumentavam o valor da oferenda."
O Peru tem centenas de sítios arqueológicos, alguns milenares, relacionados a dezenas de culturas.
A ocorrência de sacrifícios humanos no Peru pré-hispânico não é novidade, mas a ocorrência de três descobertas na mesma semana é algo excepcional.
Em Sacsayhuaman, fortaleza inca perto de Cuzco (leste), arqueólogos do Instituto Nacional de Cultura encontraram oito tumbas com mais de 20 esqueletos, prováveis restos de sacrifícios rituais. Cuzco foi a capital do império inca, que dominou a região de cerca de 1200 até a chegada dos espanhóis, em 1532.
A terceira descoberta foi protagonizada por Carlos Wester La Torre, diretor do Museu Bruning, do norte do Peru, no sítio de Chotuna Chornancap, perto da cidade de Lambayeque.
Ele achou os esqueletos de dez mulheres, sendo uma delas grávida. Todas aparentemente foram sacrificadas em rituais.
A civilização Lambayeque prosperou no Peru entre os anos 800 e 1300, aproximadamente. Arqueólogos acreditam que grávidas raramente eram sacrificadas, devido ao elevado valor conferido à fertilidade nessa cultura.
"É um caso muito irregular", disse La Torre, cuja equipe também encontrou restos de lhamas e um mural numa parede hoje enterrada. Eles esperam que essas sejam as primeiras de muitas descobertas no local.