A Alta Comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Navi Pillay, advertiu o governante da Líbia, Muamar Kadafi. De acordo com ela, as forças do mandatário podem ter cometido crimes de guerra ao usar armamento pesado contra civis na cidade de Misurata, que é controlada pelos rebeldes, mas está cercada pelas tropas do ditador.
Pillay citou relatos de que postos médicos em Misurata foram diretamente atingidos por morteiros e disparos de atiradores de elite e também de que bombas de cacho explodiram a poucas centenas de metros do principal hospital da cidade. As bombas de cacho se fragmentam no ar, lançando várias bombas menores em uma grande área. Muitas vezes crianças acabam pegando essas bombas, que explodem e causam diversas mortes de civis. O governo da Líbia, porém, nega ter usado bombas de cacho em Misurata.
"Pela lei internacional, o ataque deliberado a instalações médicas é um crime de guerra", afirmou Pillay em comunicado. A autoridade lembrou que atacar deliberadamente civis ou não se prevenir para evitar esses ataques pode significar "violações sérias da lei de direitos humanos internacional ou da lei humanitária internacional".
Pillay disse que era inevitável que armas como as bombas de cacho, os múltiplos foguetes lançados e outras armas pesadas matem civis, se usadas em áreas urbanas. Ela notou que as ações das forças do governo serão investigadas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou que pelo menos 20 crianças morreram por causa da violência em Misurata. É difícil se obter os números de pessoas mortas, pela dificuldade de acesso à cidade. Segundo Pillay, entre os mortos há mulheres e crianças. As informações são da Associated Press.