Um avião da Força Aérea da França disparou contra um veículo militar líbio às 18h45 deste sábado (19), no horário local (13h45 em Brasília), na primeira ação contra o regime do coronel Muamar Kadafi desde que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou o uso de "todos os meios necessários" para conter os ataques contra civis no país.
O porta-voz do Ministério da Defesa da França, Thierry Burkhard, disse em Paris que não houve ações hostis contra o avião francês. Aviões militares Rafale e Mirage começaram a sobrevoar a cidade líbia de Benghazi, controlada por rebeldes e sitiada pelas forças leais a Kadafi, pouco depois de um encontro de cúpula em Paris, que reuniu representantes de 22 países.
Segundo o presidente da França, Nicolas Sarkozy, os participantes da reunião concordaram em "acionar todos os meios necessários, particularmente militares, para forçar Kadafi a respeitar a resolução da ONU". O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou que "o tempo para agir chegou e a ação precisa ser urgente".
Na tentativa de se aproveitar do período de tempo entre a aprovação da resolução, na quinta-feira, e o lançamento da operação militar internacional, o coronel Kadafi lançou uma ofensiva contra Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia e principal baluarte das forças de oposição. Em meio ao ruído de explosões e disparos de artilharia, um médico disse que 27 corpos haviam sido levados aos hospitais da cidade até o meio-dia. No fim da tarde, podiam-se ouvir os aviões militares sobrevoando a cidade e os disparos de artilharia haviam cessado.
"Nossos aviões estão bloqueando os ataques aéreos contra a cidade de Benghazi", disse Sarkozy. Pela manhã, um avião foi derrubado nos arredores de Benghazi. Os combatentes rebeldes celebraram a queda, mas o governo negou que qualquer de suas aeronaves tivesse sido abatida. O regime de Kadafi também negou que sua Força Aérea tenha atacado qualquer cidade neste sábado.
A televisão estatal líbia mostrou apoiadores de Kadafi convergindo para o aeroporto internacional de Trípoli e para um quartel da capital, aparentemente na tentativa de impedir ataques aéreos da coalizão internacional a esses locais. O governo também divulgou uma carta aberta de Kadafi aos governos dos países da coalizão, dizendo que "vocês vão se arrepender se ousarem intervir em nosso país".
Em Benghazi, moradores foram vistos reunindo móveis e pedaços de metal para fazer barricadas, enquanto jovens coletavam garrafas para fazer coquetéis molotov. No hospital Jalaa, o médico Gebreil Hewadi, integrante do Comitê de Saúde das forças rebeldes, disse que 27 corpos haviam chegado aos hospitais da cidade até o meio-dia. O médico egípcio Ahmed Radwan, que tem atuado como voluntário em Benghazi nas últimas três semanas, afirmou que "há mais mortos do que feridos".
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